Assembleia aprova alongamento da gestão 2019-2020 “Assum Preto” por mais um ano; veja fala de abertura com avaliação e prestação de contas

24/11/2020 09:40

Na Assembleia Estudantil da Pós-Graduação desta noite (23/11), discentes se reuniram (através da plataforma WebConf, por conta da emergência sanitária provocada pela pandemia de covid-19) e aprovaram por unanimidade o seguinte encaminhamento: “Estender a atual gestão ‘Assum Preto’, eleita em 2019, para mais um ano de mandato (com término da gestão em 2021 no mês previsto em regimento)”. Confira abaixo a fala de abertura, que inclui uma avaliação da gestão e uma prestação de contas.

Quando as coisas se aproximam do fim, mesmo que não definitivo, um sentimento nostálgico começa a se apossar de nós.

Mas há mesmo algo pelo que sentir nostalgia? A pandemia de Covid-19 e o ensino remoto, o acúmulo de tarefas, todos os debates sobre os rumos da instituição, as vidas humanas que se perderam, as derrotas no âmbito político, social, ambiental, econômico e cultural com os avanços da extrema direita e o desmonte dos serviços públicos, entre outros problemas que enfrentamos neste período, como a onda de intervenções federais nas reitorias do país. Tudo isso pode nos dar a impressão de que estamos falando de uma década, de um longo prazo, mas foram apenas doze longos e atribulados meses. Cronos e Kairós estão em conflito.

Apesar das derrotas e das dificuldades, tivemos luta, organização, movimento e conquistas pontuais que podem nos dar algum alento. Entre atritos e afetos, alegrias e frustações, sentimentos corriqueiros nas relações humanas e nos espaços em disputa, nossas articulações e ações, nossas lutas, foram muito enriquecedoras para quem compôs a gestão e para a pós-graduação como um todo, em nossa universidade e fora dela.

Após reuniões de fechamento do ano e planejamento do próximo antes das férias, cobramos em janeiro o transporte adequado para a utilização do Restaurante Universitário (RU) do CCA. Em fevereiro, apoiamos a luta de TAEs pela jornada de 6 horas, posto que a reitoria havia decidido manter a Biblioteca Universitária (BU) aberta até apenas as 18 horas. Publicizamos um vídeo de entrevistas sobre o Hospital Universitário (HU) e sua importância para a população, feito ainda na greve de 2019, e atualizamos o Manual do(a) Pós-graduando(a), recurso importantíssimo para quem está chegando na pós-graduação da UFSC. Aliás, havíamos planejado uma grande semana de recepção de novos e novas discentes, mas parte das atividades tiveram de ser canceladas por conta da pandemia.

Em resposta às novas e lamentáveis circunstâncias que a pandemia trouxe, buscamos entender a situação discente com um formulário (cujos resultados foram divulgados em abril). E antes mesmo que as respostas chegassem já estávamos divulgando iniciativas de apoio mútuo e compondo diretamente uma delas, a Frente Estudantil de Segurança Alimentícia (FESA). Defendemos o SUS como sempre, mas desta vez com ênfase em sua revelância como elemento estratégico de combate à pandemia.

Dando continuidade à necessidade de responder à situação causada pela pandemia, que só fazia piorar em Santa Catarina e no Brasil, assinamos manifestos locais (link, link, link), estaduais e nacionais (link, link, link), apontando soluções. Dentro da tardia e burocrática estrutura institucional montada para analisar a situação na universidade, posicionamo-nos quanto às demandas específicas da pós-graduação e questionamos criticamente a apresentação dos dados de uma pesquisa conduzida pela universidade. Também cobramos a UFSC em relação à assistência a bolsistas no exterior, que estavam com dificuldade de retornar ao território nacional, tendo dado início a estágios e períodos de estudo em outros países logo antes da pandemia.

Ao mesmo tempo em que nos adaptávamos a reuniões online, tivemos que lidar com uma notícia de cortes devastadores de bolsas da Capes. Seguimos acompanhando a situação ao longo de toda a gestão, promovendo inclusive um espaço aberto específico para discutir a questão na categoria.

Mas não foi apenas a crescente e já esperada queda de investimento público na educação que nos preocupou nos últimos meses. O prejuízo para as condições de trabalho na pós-graduação exigia ações que garantissem a qualidade das pesquisas e a tranquilidade de pesquisadores/as, e assim defendemos a prorrogação de prazos e dos períodos de vigência de bolsas. Obtivemos alguns sucessos, mas particularmente em Santa Catarina a situação das bolsas segue preocupante. Fizemos uma grande mobilização em relação às bolsas fornecidas por entidades estaduais, bolsas FAPESC e UNIEDU. Apesar dos avanços em visibilidade e negociação no caso da FAPESC, a luta segue (link, link, link, link, link, link, link). Já no caso da UNIEDU, conseguimos uma grande vitória com a reabertura das solicitações de prorrogação.

Para agravar a situação, e em parte devido a uma campanha de difamação midiática contra a universidade, os órgãos colegiados optaram por instaurar um regime de atividades letivas à distância, inclusive na pós-graduação. Tendo que enfrentar a truculência de apoiadores da inicativa na CPG e a passividade de uma reitoria pouco crítica, combativa ou criativa, nos envolvemos diretamente no debate público – inclusive chamando um debate online com a nossa própria categoria (link, link) – para formular nossa posição. Tentamos representar anseios da categoria sem deixar de lado os inúmeros problemas que identificamos no “ensino à distância”, tanto para docentes quanto para discentes, tanto para indivíduos quanto para a educação pública como um todo no Brasil. Assim, não nos posicionamos completamente contra as atividades remotas; defendemos a autonomia contextual dos programas, com base em diretrizes comuns básicas, visando utilizar a estrutura universitária para responder à crise sanitária sem deixar uma quantidade significativa de pessoas para trás em termos psicológicos ou educacionais, o que aprofundaria desigualdades: não podemos fingir que o grupo que mais saiu e continua saindo prejudicado não seja caracterizado por diversas opressões estruturais.

Assim, ao lado de outras categorias e de outros movimentos da universidade, buscamos uma saída. Mesmo quando não houve correlação de forças para barrar o ensino remoto como um todo, buscamos reduzir seus danos (link, link), mas os órgãos colegiados, em várias oportunidades, não se mostraram solidários às demandas estudantis, chegando inclusive a atacar frontalmente a autonomia dos programas, ignomínia que manchará para sempre a Câmara de Pós-Graduação.

Com a “boiada” do ERE aprovada, vimos um crescimento de “parcerias” com megacorporações digitais (como Google, Microsoft e Coursera), que buscam explorar economicamente nossos dados e aprofundar a vigilância sobre nós e nossas universidades públicas. Como lembramos, quando o produto é de graça, os usuários é que são os produtos. Esse “novo normal” impôs também cada vez mais problemas para uma categoria de pós-graduandos/as frequentemente negligenciada, os/as residentes; estivemos com eles/as em algumas oportunidades neste ano, buscando compreender suas pautas e fortalecer suas lutas.

Em meio à desesperança, no entanto, uma boa notícia. Se ao longo destes meses tivemos alguns avanços em relação às ações afirmativas na pós-graduação da UFSC, a melhor delas veio no começo de outubro, com a culminação de uma pauta que a APG-UFSC vem defendendo há vários anos, através de várias gestões: finalmente uma política de ações afirmativas foi aprovada para toda a pós-graduação da nossa universidade (link, link, link). A luta segue, pois sabemos que é necessário avançar na abrangência das ações afirmativas, nas condições de permanência, na garantia de bolsas, no enfrentamento ao assédio e produtivismo, entre outros problemas estruturais de nossa pós-graduação. Ainda assim, este é um marco importantíssimo a se destacar.

Por um lado, números costumam nos ajudar a ter noção das coisas. Chegamos ao fim da gestão com R$ 1193,92 em caixa. Ao todo fizemos 44 reuniões, apenas 5 das quais presenciais, e 2 de planejamento. Todas reuniões abertas, por princípio da gestão, embora tenhamos passado um período sem divulgá-las publicamente no início da pandemia, política que revimos como equivocada. Publicamos 7 boletins da gestão, trocamos mais de 700 e-mails, enviamos 32 ofícios e, bem, as mensagens em redes sociais são mais difíceis de contabilizar de uma forma que faça sentido…

Mas essa é a questão: muita coisa nesses números não faz sentido, pois eles não representam a contento as centenas de horas dedicadas à construção de uma entidade combativa, ativa na defesa dos direitos da categoria. Não contamos entre as reuniões várias outras reuniões: com outras entidades na UFSC, na Comissão Unificada, na articulação que inauguramos com outras APGs do Brasil afora (agora chamada de APGs em Movimento); reuniões discentes locais com as quais colaboramos, entre representantes discentes de um centro, entre bolsistas FAPESC, bolsistas UNIEDU, residentes; as extenuantes reuniões de nossos representantes nos órgãos colegiados, em seus comitês, como os comitês de governança da pandemia… As próprias “lives” que organizamos, seja com outras entidades, seja com as APGs em Movimento mencionadas acima (link, link, link)… Precisamos inclusive nos solidarizar publicamente com um dos membros da gestão, o que demonstra a gravidade do momento que vivemos esse ano.

Sabemos que não foi suficiente. Porém, o autoperdão às vezes é mais necessário que a autocrítica, ainda mais tendo em vista a combalida saúde mental de discentes na pós-graduação: tudo aquilo que havíamos planejamos era para uma gestão vívida e envolvida com os campi da UFSC, com movimentos que ocupam o espaço público com seus corpos e suas mentes. Assim, é compreensível que não tenhamos dado conta de avançar muitas coisas que constavam em nosso programa de gestão. Podemos citar, por exemplo: maior utilização do Centro de Convivência e atividades de integração; retomar a campanha contra o assédio; reformar o estatuto da entidade; formalizar parcerias para auxiliar discentes com questões jurídicas; descentralizar a gestão em termos de campi; ampliar bolsas emergenciais, garantir acesso à moradia estudantil e outras políticas de assistência estudantil; ampliar a acessibilidade nos programas; defender a participação de estudantes de programas lato sensu em instâncias deliberativas e consultas públicas; discutir a extensão na pós-graduação.

As condições que dificultaram o foco em tudo isso são as mesmas que dificultam, em nossa avaliação, a realização de eleições para a entidade neste mês e ano. Assim, gostaríamos de encerrar a fala de abertura desta assembleia, que já serve como avaliação da gestão e prestação de contas, propondo um encaminhamento em relação à pauta única que a conjuntura nos impõe.

A proposição da gestão Assum Preto, deliberada inclusive em uma reunião aberta com pauta única dedicada a isso, no dia 21 de outubro, é a de prolongar a gestão por mais um ano.

A maior razão para esta proposta é a circunstância que nos obriga a fazer esta assembleia de modo virtual. Se houver competição eleitoral pela entidade, é preponderante que a votação seja presencial – em todos os campi. Isso não só seria problemático em relação às/aos discentes que estariam votando, mas também aos próprios deslocamentos de uma eventual comissão eleitoral com vistas a garantir a lisura do processo.

Mas a questão vai muito além – no caso, vem muito antes – do momento do voto. Que a campanha como um todo ocorra neste momento seria algo extremamente empobrecedor tanto em termos de formação de chapas quanto em termos do debate público entre propostas.

Assim, nossa proposta inicial é, a exemplo do que vêm fazendo várias entidades estudantis na UFSC e no Brasil, que a gestão seja alongada por um período, e sugerimos que seja mais um ano porque assim as próximas eleições seriam feitas em um período semelhante, e num momento em que há maior probabilidade de que as atividades presenciais já tenham retornado nos campi da UFSC. Esta é a proposta que submetemos à apreciação da categoria reunida hoje em assembleia.

Ressaltamos também que nos comprometemos, caso a proposta seja aprovada, a realizar um momento futuro aberto de revisão de nosso programa e readequação das prioridades da gestão, acolhendo uma característica importante do processo realizado anualmente na formação de chapas e, também, reafirmando nossa intenção em acolher mais estudantes de pós na gestão da entidade. É apenas com avanço da organização estudantil, participação e luta que podemos cumprir nossa tarefa política no momento em que vivemos.

Como começou isso do Ensino Remoto na UFSC?

13/11/2020 19:59

A UFSC decidiu que não irá fazer nenhuma atividade presencial até 22 de maio de 2021, o que indica para nós a escolha da reitoria em permanecer por mais tempo do que o esperado com o ER. Nós sentimos necessidade de avaliar e debater o que tudo isso significa. Mas….

Como começou isso do Ensino Remoto na UFSC?

Em março de 2020, tivemos a suspensão das atividades presenciais na UFSC por conta da pandemia de COVID-19, segundo portarias emitidas pelo Gabinete da Reitoria (nº 352/2020/GR e nº 353/2020/GR). A UFSC ficou vazia de repente, na cidade só podia se andar de máscara e demoramos muito tempo para compreender como ficariam as nossas atividades em sala de aula ou nossas pesquisas. Demora que foi atenuada pela falta de respostas e diálogo por parte da Reitoria da UFSC, que por mais que tenha acertado na suspensão das atividades presenciais, errou na ausência, logo de início, de espaços de discussão entre todas as categorias de nossa comunidade. Afinal, o destino de uma Universidade Pública em um momento de pandemia precisa ser decidido por aqueles que se preocupam com a produção crítica de conhecimento, e não por setores ligados aos capitais.

Foram semanas de cobrança por uma sessão do Conselho Universitário (CUn), instância ainda longe de ser uma representação da democracia participativa dentro de nossa universidade, mas um dos únicos espaços colegiados com a presença de todas as categorias e capaz de decidir na presença de opiniões divergentes àquela da administração central, mesmo que em proporção minoritária no caso de estudantes e servidores técnicos.

Em maio se constituiu o Comitê de Combate à Pandemia de COVID-19 na UFSC, por meio da Portaria Nº 360/2020/GR, articulado através de um Comitê Assessor e subcomitês Acadêmico, de Assistência Estudantil, Científico, de Comunicação e de Infraestrutura. A APG esteve presente no Comitê Assessor, no Subcomitê Acadêmico e também no comitê que centralizava os debates – inicialmente sem representação das entidades de classe (APG, DCE e SINTUFSC). Mais um momento de indisposição em abrir às decisões à comunidade, em que apenas a mobilização das categorias reverteu a formação inicial restrita do Comitê, assim como a inicial ausência de centros como CED e CFH nos subcomitês criados.

O trabalho dos subcomitês, assim como a pauta de debates dentro do movimento estudantil e sindical, foi traçado em torno do retorno ou não das atividades de ensino por via remota, proposta à qual a APG UFSC sempre se colocou contrária. A Câmara de Pós-Graduação (CPG) tentou, inclusive, se aproveitar do tempo de discussão na comunidade, para passar a boiada do ensino remoto e enfiar na goela de estudantes de pós um ensino remoto sem o menor debate nos programas. A adesão ao ensino remoto só foi formalizada em 21 de julho, após mais de 20h de sessão do CUn e uma votação pra lá de secreta no início da aprovação da Resolução 140/2020. Sem que a votação simbólica costumeira das reuniões presenciais, em que é possível acompanhar a manifestação do voto de cada conselheira ou conselheiro, grande parte dos professores se aproveitaram da tranquilidade do anonimato e votaram contra os interesses de estudantes, sobretudo das pobres e periféricas, culminando em uma resolução excludente.

Desde julho, vivemos um semestre remoto, balizado pela Resolução nº 140 e todo seu histórico de construção. Estamos vivendo a materialidade das escolhas feitas nesse processo de debate e implementação do ensino remoto. Vimos a autonomia dos programas que escolheram não oferecer as disciplinas obrigatórias, PPGE e PPGECT através de seus colegiados, serem desrespeitadas e no caso do PPGECT invalidadas pela CPG após recurso vergonhoso protocolado pelo Professor Carlos Alberto Marques, o Bebeto. Já vimos também demonstrações do avanço das grandes corporações e do setor vinculado a essas tecnologias, principalmente no enraizamento dessa modalidade com um legado que ficará dessa experiência, como discutimos no texto anterior. Olhar para essa história recente nos dá uma amostra das lutas que enfrentaremos nos próximos tempos, especialmente após as portarias da reitoria indicando que não haverá retorno presencial antes de maio do ano que vem. Essa história também nos mostra que precisamos nos preparar para essas batalhas, visto que essa conjuntura nos apresentou um inimigo antigo e muito bem articulado dentro da UFSC.

Convidamos todas e todos para discutir, a partir de todo esse histórico, como está sendo a experiência de nós, pós-graduandas e pós-graduandos, com o ensino remoto. Nosso encontro será no dia 17 de novembro às 19h, no link que logo estará disponível para todas. Perde não, porque precisamos juntas e juntos avaliar o momento que estamos vivendo e nos organizar para o que ainda virá!

APG-UFSC assina Carta de Sensibilização acerca de Políticas de Permanência

10/11/2020 15:34

A APG-UFSC assina a seguinte Carta de Sensibilização acerca de Políticas de Permanência, endereçada à Universidade Federal de Santa Catarina, à Pró-Reitoria de Pós-Graduação, à Câmara de Pós-Graduação e à Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis.

No dia 03/12/2020 este artigo foi atualizado com mais assinaturas.

Florianópolis, 01 de novembro de 2020

Prezadas(os) Senhoras(es),

Pela presente carta nós, integrantes do movimento N’Aya – aquilombamento de intelectualidades afrotranscentradas – ligadas(es/os) a UFSC em níveis de graduação e de pós-graduação, apresentamos nossa reivindicação ao Conselho Universitário (CUn) da Universidade Federal de Santa Catarina. Reivindicamos a inserção das políticas específicas de ações afirmativas, por meio das políticas de permanência às travestis e transexuais nos cursos de graduação e programas de pós-graduação na UFSC.

No dia 27 de outubro do ano em curso, tivemos a aprovação, por unanimidade, da minuta de Resolução Normativa que estabelece a Política de Ações Afirmativas para negros, indígenas, pessoas com deficiência e outras categorias de vulnerabilidade social nos cursos de pós-graduação lato sensu (especialização) e stricto sensu (mestrado e doutorado).

Mesmo que pessoas travestis e transexuais possam ser incluídas em “outras categorias de vulnerabilidade social”, nossa população não é devidamente contemplada na resolução, o que denota mais uma vez a invisibilização de nossas pautas. Entramos nesta conquista histórica, na minuta de resolução, por direito à políticas de acesso na UFSC, enquanto sugestão/orientação. Deveríamos ser contempladas (es/os) enquanto reservas de vagas prescrita em porcentagens, bem como os 20% das vagas previstas para pessoas racializadas. Dada a demanda, entendemos que 8% para todas as outras categorias de vulnerabilidade social não dá conta de contemplar a diversidade presente nas (es/os) candidatas (es/os) aos editais de seleção.

Na atual conjuntura, as pessoas travestis e transexuais lideram os altos índices de assassinatos com requinte de crueldade e baixa inserção no ensino superior público do país. Por isso, apesar de não compensarem ou repararem efetivamente as desigualdades sociais e atitudes discriminatórias direcionadas a esses grupos sociais, as ações afirmativas podem ser um dos caminhos para transformarmos essas situações.

Ressaltamos que, sem políticas de permanência, as ações afirmativas de ingresso não se mostram tão eficazes como poderiam ser. Com isso, reafirmamos a importância de associar as políticas de vagas (acesso) às políticas de permanência tanto na graduação, quanto na pós. Nós, travestis e transexuais, pessoas autodeclaradas brancas e negras, estudantes da UFSC, apontamos a necessidade da construção de políticas de acesso com possibilidade de promover e incluir a nossa população de modo seguro e eficaz. Reivindicamos a política de reserva de vagas prioritárias no programa de habitação na universidade.

A história da educação brasileira tem sido omissa com a nossa população. De acordo com a ANTRA (Associação Nacional de Travestis e Transexuais), a nossa população de travestis e transexuais assume apenas 0,1% das vagas no ensino superior público federal. E em grande medida, este dado se consolida devido aos assujeitamentos e ausência de políticas de permanência no sistema de educação brasileira. As políticas da educação brasileira tem sido escrita por mãos cisgêneras, sem considerar e promover a cidadania e a produção de conhecimento científico por pessoas travestis e transexuais.

A nível da nossa instituição UFSC, isso se revela em diversas esferas, inclusive diante da ausência de dados estatísticos que estimem entre docentes, discentes e funcionários o número de pessoas por identidade de gênero; que apontem também o número de estudantes que acessam o direito ao nome social na instituição; o número de estudantes que se matriculam, que concluem o curso, que são atendidas(es/os) pelas políticas de ações afirmativas da PRAE e que registram ocorrências e denúncias na UFSC distribuídas por identidade de gênero. A universidade tem sido pensada com fins de inclusão das populações vulneráveis, porém sem considerar a obrigatoriedade das políticas de acesso ao ensino superior e sem considerar também a moradia, a alimentação, a segurança, a empregabilidade e a saúde da nossa população de travestis e transexuais.

Dito isto, empreendemos esforços para que as(os) gestoras(es) da Universidade Federal de Santa Catarina possam atender as demandas de permanência do nosso povo. Diante das vulnerabilidades acentuadas neste período de pandemia, nós, estudantes travestis e transexuais da UFSC, precisamos de vagas na moradia estudantil. Neste contexto de exclusão, a moradia deve ser um direito para estudantes com identidade de gênero travestis e transexuais da graduação e também da pós-graduação.

Assinam esta carta:

Ale Mujica (mestre e doutore pelo PPGSC-UFSC)

Izzie M. S. Amancio (mestranda PPGE-UFSC)

Lucie Rogge (estudante de graduação de Licenciatura em Filosofia – UFSC)

Luck Yemonja Banke Palhano (estudante de graduação de Licenciatura em Letras – UFSC)

Luna-Nina Vanzella Cândido (estudante de graduação em Bacharelado em Cinema – UFSC)

Rafael Luiz de Oliveira (estudante de graduação em Ciências Sociais – UFSC)

Ti Ochôa (mestra pelo PPGI-UFSC e a primeira travesti a assumir cargo de docência na universidade, MEN-UFSC 2019-2020)

Andreia Lais Cantelli, Instituto Brasileiro Trans de Educação – IBTE

Iêda Leal (Coordenadora Nacional), Movimento Negro Unificado Nacional – MNU

Keila Simpson, Presidenta da Associação Nacional de Travestis e Transexuais – ANTRA

Bruna Benevides, da Associação Brasileira LGBTI – ABGLT

Andrey Lemos, da União Nacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – UNALGBT

Kaio Souza Lemos, Coordenador Nacional do Instituto Brasileiro de Transmasculinidades – IBRAT

Marcelly Malta Lisboa, Presidenta da rede Trans Brasil e Presidenta da Igualdade RS

Associação de Travesti e Transexuais do Estado do Rio Grande do Sul;

Lana Larrá Baia Amorim, 2°Coordenadora adjunta da área de mulheres trans da Aliança Nacional LGBTI+

Associação de Pós-Graduandos da UFSC (APG-UFSC)

APG-UFSC assina nota de repúdio ao EaD permanente no novo projeto pedagógico do Design UFSC

09/11/2020 21:13

A APG-UFSC assina a nota de repúdio ao EaD permanente no novo projeto pedagógico do Design UFSC, produzida pelo CADe UFSC. Reproduzimos a nota a seguir.

No ano passado, nos foi apresentado, em reuniões de colegiado, um novo programa pedagógico para os cursos, que foi brevemente discutido e aprovado. Esse programa já apontava a possibilidade de implementação do EaD, mas muito pouco foi mencionado sobre o assunto, que não teve uma  análise aprofundada. Hoje, nos deparamos com um processo muito mais adiantado e já aprovado pelos Colegiados, que permite que 40% da carga horária do curso de design de produto e 27,1% da carga horária do curso de design (podendo chegar a 40% também em posteriores atualizações do projeto pedagógico) sejam dadas em EaD. Tratou-se de um processo muito pouco analisado e feito de maneira rápida e silenciosa, onde não houve consulta ao corpo estudantil. Para que a decisão entre em vigor, só será preciso aprovação da PROGRAD e de uma minuta de resolução da UFSC que implementa o Ensino à Distância (EAD).

Decisões como essas fomentam e refletem o desmonte que a Educação Pública vem sofrendo nesses últimos períodos, e reforça ainda mais a precarização do ensino. Somente neste ano, através da lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), Bolsonaro e seu governo cortaram quase 20 bilhões da educação em comparação com 2019, sendo 14,8% nas universidades e 7,1% nos institutos federais. Para além disso, temos um histórico de investidas do capital contra a pesquisa e a construção do conhecimento nas universidades públicas, como à Emenda Constitucional 95, do teto de gastos, e o projeto Future-se. 

Todo esse desmonte do ensino público não é por acaso. Sabemos que trata-se de um projeto político, que aos poucos encerra as diversas possibilidades que uma educação pública, acessível, gratuita e de qualidade pode oferecer à nossa sociedade. A implementação do Ensino Remoto, que desenvolveu-se durante a crise sanitária da pandemia de Covid-19, imposta em diversas universidades de maneira atropelada e desconsiderando os estudantes (os maiores afetados), é mais um exemplo deste grande projeto que se aproveita da fatalidade da situação. Mesmo implementado com a promessa de uma situação de excepcionalidade, nos deparamos com a movimentação de nossos cursos para aplicar o EaD de maneira definitiva nos novos projetos pedagógicos.

Consideramos essa conjuntura como extremamente prejudicial aos discentes e à universidade como um todo, por isso, nos reunimos para um debate aberto. Na reunião extraordinária no dia 25/09, foram levantadas questões essenciais sobre essa mudança, as quais listamos ao longo da nota.

Inicialmente, nos questionamos sobre qual seria a justificativa para que hajam matérias específicas em Ensino à Distância e outras sejam dadas presencialmente. Qual o motivo para que todas essas decisões estejam sendo tomadas tão rapidamente, mesmo que dúvidas básicas como a anterior não estejam sanadas?

Como estudantes, no Ensino Remoto, temos vivenciado a experiência de um ensino incompleto onde os debates são drasticamente reduzidos, o contato com os professores é difícil, a didática, mesmo quando há esforço, é notavelmente afetada e muitas vezes acaba se resumindo à leitura de um slide. Percebemos nossos colegas desacreditados e desmotivados a estudar, muitos deles sem vontade de continuar os cursos e desistindo de matérias. Isso sem contar todas as problemáticas que envolvem a dificuldade de conexão e de acompanhar as aulas por aparelhos e plataformas que nem sempre funcionam como deveriam. Acreditamos que os alunos que ingressarem à universidade após a aprovação dos novos planos sofrerão com os mesmos problemas e lidarão com um ensino extremamente precarizado.

Sabemos que, para aqueles que não tem acesso a computadores e internet e dependem de auxílios, essas dificuldades só se multiplicam. Em uma situação normal, os alunos que necessitam do auxílio de computadores e internet iriam à UFSC presencialmente de qualquer maneira? Se sim, então qual o sentido de implementar o Ensino à Distância? Esses alunos foram sequer considerados ou essa não passa de mais uma proposta que desconsidera a realidade desigual em que vivemos? É uma decisão pensada levando em consideração os estudantes ou apenas a realidade e posicionamentos dos  professores? Por que não há debate com o corpo estudantil? Por que tomar decisões que afetam a todos de maneira tão pouco participativa? 

Para além disso, qual seria o impacto da presença cada vez mais escassa dos estudantes nos espaços físicos da universidade? Qual o destino das salas vazias? Como ficariam os espaços de discussão e movimentação estudantil se a presença no campus seria cada vez mais reduzida? A quem serve esse projeto? Sabemos que nem aos estudantes, nem às comunidades e nem ao ensino público de qualidade brasileiro. O esvaziamento dos espaços públicos, que não mais serviriam a sociedade, demonstra uma tendência de privatizações e reduções significativas das convivências em sociedade, que desmobilizam lutas e individualizam a população. Mais uma vez, trata-se de um projeto político.

Também nos questionamos: que tipo de profissionais estariam sendo formados através de uma tela de computador? Como aprender a trabalhar em grupo – habilidade essencial para a formação do designer -, desenvolver nossa criatividade e repertório, e entender as dores das pessoas à nossa volta se não construirmos um senso de coletivo? Nos indagamos ainda sobre os pilares da Universidade pública: ensino, pesquisa e extensão. Qual a real contribuição do ensino à distância para a pesquisa brasileira, para a extensão dos conhecimentos e contribuição para com a sociedade? 

Ademais, gostaríamos de saber quais garantias temos de que o conteúdo será devidamente convertido para este novo método de ensino e não apenas jogado de qualquer maneira nas plataformas virtuais. Que garantia temos de que os professores terão o preparo técnico para operar desta maneira, já que o EaD requer uma formação específica? Ficaremos impossibilitados de ter tais aulas na falta de um professor habilitado? Ainda, quais os insumos serão oferecidos aos professores para que as aulas sejam disponibilizadas com a devida qualidade? E, além disso, qual a garantia de que isso não acarretará em uma maior sobrecarga das e dos docentes? Afinal, a preparação de aulas em formato EaD demanda também um aumento da carga de trabalho (já bastante alta) e do tempo despendido na preparação das aulas, que ganha novas etapas – tais como roteirização e edição de vídeos.

A educação à distância, por mais que no momento atual seja uma das únicas ferramentas pedagógicas que permite a atividade de ensino, permanece sendo uma alternativa deficitária e exclusivista. Compreendemos que se trata de uma modalidade válida e reconhecida, no entanto não há como negar que é um método muito mais cognitivista, que colabora com a desvalorização do ensino superior ao fortalecer a narrativa de que alguns tutoriais no Youtube podem substituir toda uma graduação. Esta narrativa tem sido cada vez mais nutrida nos últimos anos e joga a população contra a academia. Sabemos que a proposta não é de ensino 100% à distância, mas não podemos ignorar o precedente que está sendo aberto. 

Por mais que seja correto afirmar que nenhuma disciplina do curso ocorre de maneira 100% presencial, visto que a plataforma Moodle é utilizada pela maioria das disciplinas, esse aspecto se trata somente de um complemento ao ensino presencial, acessório ao mesmo. Substituir disciplinas presenciais por equivalentes puramente remotas se torna um problema a partir do momento que se faz visível a falta de eficácia de plataformas virtuais para o ensino pleno. Utilizar uma plataforma remota como intermediário para o ensino é acrescentar mais uma variável ao processo de aprendizado, variável essa diretamente afetada pelas condições e acesso à estrutura dos estudantes.

Mesmo se uma turma inteira conseguir suprir requisitos mínimos (acesso à internet e um aparelho), tratam-se de aulas engessadas, menos passíveis de adaptação de acordo com a necessidade de turmas ou de atualizações, e não permitem a clareza de comunicação e a troca de experiências como em uma aula presencial. A figura docente enfrenta a dificuldade de observar e analisar se o conteúdo está sendo absorvido e se os estudantes estão em condições propícias ao aprendizado. Dentro de casa, um estudante está exposto a uma sorte de estímulos externos ao ambiente de ensino, inclusive à eventualidade do mal funcionamento da conexão ou do dispositivo utilizado. 

Salientamos que nosso posicionamento frente à esta situação não deve ser interpretado de forma alguma como mero reacionarismo à inovação e tecnologia no ensino. Longe disso, nosso desejo é apenas de que essa discussão seja devidamente iniciada e amadurecida com todas as partes interessadas e não apenas executada, imposta de cima para baixo, desconsiderando as diversas problemáticas envolvidas. Como dúvida final, questionamos: que tipo de designers serão formados se nem mesmo o projeto pedagógico de sua formação parece ser projetado com zelo e eficiência, pois desconsidera contextos, potencializa falhas e, ainda mais grave, ignora pessoas?

E aí, como tá esse Ensino Remoto?

01/11/2020 13:49

Há oito semanas retomamos as aulas na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), na graduação e na pós-graduação, na modalidade que vem sendo denominada como “Ensino Remoto”. A necessidade de realizar isolamento social, somada às demandas dos grandes capitais e do Estado, pressionaram pelo retorno das atividades desta forma.

Na pós-graduação, estamos fechando o primeiro semestre em Ensino Remoto da história dos nossos programas. Nunca antes as aulas foram oferecidas por videoconferência e nossas pesquisas feitas nesse modelo. E aí, você acha que tá funcionando? Tá rolando acompanhar as aulas pela internet? Como está sendo a relação com docentes nesse momento? É possível fazer debates em aula em meio a tantos “vocês tão conseguindo me escutar”? Rolou evasão e desistências no seu programa?

A Associação de Pós-Graduandas e Pós-Graduandos (APG) da UFSC convida todas e todos estudantes da Pós-Graduação da UFSC para avaliar esse semestre de Ensino Remoto no dia 17 de novembro (terça-feira) às 19h. A proposta é uma avaliação da nossa categoria, buscando dividir experiências de como essa modalidade tem afetado nossa formação, nosso psicológico, nossas colegas de turma e nosso corpo, que tem passado várias horas em frente ao computador sem muitas vezes ter sequer uma cadeira adequada. Além disso, é necessário que a gente discuta também como o Ensino Remoto afeta a educação que queremos, que projeto é gestado por essa modalidade e quem tem sido deixado para trás.

Nosso encontro será online com link divulgado mais próximo da data. Até lá, iremos postar diversos textos, um por semana, com contribuições da APG sobre essa temática que tem atravessado o dia-a-dia de toda a pós-graduação. Acompanhe em nossas páginas!

Então não se esqueça, DIA 17 DE NOVEMBRO ÀS 19H!

NÃO à Reforma Administrativa! Em defesa do serviço público!

29/09/2020 15:28

A APG-UFSC apoia a luta de entidades em todo o Brasil que dizem NÃO à Reforma Administrativa proposta por Jair Bolsonaro e Paulo Guedes. Convidamos todas e todos discentes de pós-graduação da UFSC a conhecerem melhor a proposta, como ela afeta as nossas vidas e, mais do que isso, a tomarem parte junto conosco nessa luta.

Como colaborar:

  • Compartilhe nas mídias sociais as mensagens de entidades que organizam o Dia Nacional de Luta em Defesa dos Serviços Públicos (30/09), como o Sintufsc UFSC.
  • Se estiver em Florianópolis e for seguro para você, participe do ato presencial no dia 30/09, às 10h, na frente da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (ALESC).
  • Se não estiver em Florianópolis, confira esta lista de cidades com atos confirmados. Se a sua cidade ainda não estiver presente, busque em outras fontes se haverá algum ato e fortaleça a luta local!

APG-UFSC participa de programa de rádio denunciando postura da FAPESC, que ainda não prorrogou as bolsas de pós

25/09/2020 15:08

Na quarta-feira (23), um representante da APG esteve no Jornal Integração, programa de rádio vinculado à Associação Catarinense de Rádios Comunitárias (Acracom), para falar sobre a situação das bolsistas FAPESC que estão em luta pelo direito à prorrogação das bolsas durante a pandemia.

Em maio, um abaixo-assinado foi divulgado com centenas de assinaturas e apoiadoras na comunidade acadêmica, científica e estudantil de Santa Catarina. Em agosto, a Defensoria Pública emitiu recomendação de que as prorrogações fossem executadas pela agência. Mesmo assim, até agora, o direito à prorrogação não foi garantido.

Contamos com a divulgação e o apoio das mídias populares e comunitárias para reverberar essa denúncia, como foi feito pela Acracom, transmitindo nossa voz para vários rádios comunitários por todo o Estado. A APG segue na luta junto à Comissão de Bolsistas FAPESC em defesa das prorrogações e por condições dignas para a produção do conhecimento para a sociedade.

FAPESC, QUEREMOS PRORROGAÇÃO DAS BOLSAS JÁ!

Ouça aqui o programa.

A urgência de ações afirmativas na pós-graduação da UFSC

22/09/2020 20:47

Na próxima sessão da Câmara de Pós-Graduação, uma das pautas é de grande interesse para a comunidade da pós-graduação da UFSC e um marco na nossa história: a resolução normativa que versa sobre as ações afirmativas nos programas de pós da UFSC. Atualmente, sem uma legislação que abarque toda a universidade, os programas com ações afirmativas são escassos ainda, apenas 16%. Dos 87 programas, 73 não prevêem em seu edital o ingresso por cotas de pessoas pretas, quilombolas, indígenas, trans, com deficiência, imigrantes ou de baixa renda.

As ações afirmativas são um marco histórico da luta dos povos oprimidos, conquistadas com muita organização e mobilização social, e resultaram numa mudança significativa na comunidade universitária brasileira, bem como no perfil das pesquisadoras e também nas pesquisas realizadas nas instituições públicas. Representam um avanço rumo a um mundo que responda à necessidade das oprimidas e que pense através de novas lógicas, fora da hegemônica bolha branca de elite. As ações afirmativas são a fundação de uma nova universidade, aproximando-se um pouco mais de uma universidade popular, e, consequentemente, de uma nova pós-graduação. É por isso que a Associação de Pós-Graduandas e Pós-Graduandos (APG) da UFSC está presente desde o início dos debates acerca da normativa para a pós, em setembro de 2018, como parte da comissão designada pela Pró-Reitoria de Pós-Graduação (PROPG). Nossa gestão atual, Assum Preto, segue comprometida com essa pauta, entendendo que ela é fundamental para a universidade que queremos.

A proposta que será avaliada na CPG em 24 de setembro decorre da Portaria Normativa Nº 13/2016 do Ministério da Educação (MEC), a qual induz à implementação de ações afirmativas na pós-graduação, seguindo a Lei Nº 12.711/2012 e a Portaria Normativa Nº 18/MEC/2012. A Portaria Nº 13 de 2016 foi aquela que, recentemente, havia sido revogada pelo então ministro da educação Abraham Weintraub, um pouco antes da sua saída do MEC, mostrando o aspecto racista, patriarcal e capacitista do governo de Jair Bolsonaro e seu projeto anti-povo. A medida foi revogada dias depois, após inúmeras manifestações contrárias à decisão, o que só mostra que passou da hora da UFSC oficializar em sua legislação as ações afirmativas para a pós-graduação, tal qual já é regra no ingresso para os cursos de graduação desta instituição.

É junto com as revoltas populares que tomaram as ruas pelo fim do genocídio da população negra e pobre neste ano que reafirmamos a importância dessa medida para a pós-graduação, colocando a APG sempre à disposição para comprar essa briga nos espaços em que representamos nossa categoria. A universidade só encontrará um caminho para responder às demandas sociais quando garantir o acesso ao povo oprimido em suas trincheiras!

NENHUM PASSO ATRÁS NA LUTA PELAS AÇÕES AFIRMATIVAS NA PÓS!

Tags: AAsações afirmativasCPGluta antirracistanormativa

APG-UFSC repudia escolha por interventor na UFRGS

17/09/2020 11:01

Em apoio às recentes mobilizações feitas pela APG-UFRGS e por toda a comunidade acadêmica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a APG-UFSC vem a público manifestar seu completo repúdio à intervenção na UFRGS.

Último colocado na consulta realizada entre professores, servidores e alunos, bem como último colocado na votação feita entre conselheiros do Conselho Universitário (CONSUN/UFRGS), Carlos André Bulhões Mendes foi nomeado reitor interventor na UFRGS pelo atual presidente Jair Bolsonaro.

Contra um projeto político de ataque sistemático à educação pública e ao cotidiano universitário, projeto pelo qual nomeia-se interventores, e sem esquecermos da cara luta estudantil por paridade nos espaços institucionais, convidamos os pós-graduandos e toda a comunidade universitária da UFSC a assinarem abaixo a moção de repúdio elaborada pela APG-UFRGS.

Uma proposta de Tecnologias da Informação livres para as universidades públicas

15/09/2020 14:22

Enquanto a UFSC firma parcerias com corporações como a Google e a Microsoft sem debate com a comunidade universitária, seguimos o início das atividades de ensino remotas sem uma proposta alternativa de que tecnologias e que infraestrutura precisamos para nossa universidade.

No mês de julho, um conjunto de professoras(es) e pesquisadoras(es) de todo o país formularam o esboço de uma alternativa, apresentada ao conjunto das universidades e institutos públicos do país. Trata-se da “Proposta de política de tecnologias da informação para as Instituições Públicas de Ensino Superior brasileiras na condição pandêmica da COVID-19 e para além dela“.

O grupo, vinculado à pesquisa Educação Vigiada, que coletou informações sobre o grau de dependência de nossas instituições educacionais às plataformas privadas, apresenta diversas preocupações com essas parcerias. Entre elas, estão “desvalorização da formação dos sujeitos, privatização da educação pública e fortalecimento dos valores do capital na educação”. Além disso, chamam atenção para “os riscos da entrega dos dados escolares, funcionais e científicos (implicando alunos, professores, servidores e famílias) das escolas, institutos e universidades à essas empresas”, que irá ampliar os “mecanismos de controle e vigilância sobre uma parcela significativa da população”.

Em seu documento, defendem a construção e ampliação de infraestrutura de tecnologia da informação com princípios como o acesso livre, códigos abertos e auditáveis, além de servidores próprios e públicos atuando em regime federado. Sua proposta trata em mais detalhes ferramentas como emails, compartilhamento de arquivos, edição de textos, hospedagem de vídeos, vídeo-chamadas, entre outros elementos.

Sabemos que, na universidade, temos milhares de pessoas com conhecimento, interesse e capacidade para pensar nessas alternativas. Enquanto comunidade universitária, na verdade, é nossa responsabilidade pensar e propor essas alternativas. Por isso, reforçamos o chamado desse grupo de pesquisadoras(es) por uma outra política para nossas Tecnologias da Informação, muito diferente daquela sendo implementada hoje na UFSC e na maioria de nossas universidades. É nosso papel construir uma tecnologia e uma educação para além do capital!

Tags: capitalismo de vigilânciadadosEADensino remotoTecnologiatecnologia da informaçãoTIvigilância