Abaixo-assinado pela prorrogação de prazos e bolsas durante a pandemia

28/07/2020 19:22

A APG UFSC apoia mais essa campanha em defesa da vida dos pesquisadores de pós-graduação no Brasil, cujo futuro está ameaçado pelas garantias insuficientes em relação à prorrogação de prazos e bolsas enquanto durar a pandemia de COVID-19. É essencial que a comunidade científica e acadêmica se manifeste, apoie e divulgue!

O link para a campanha está na bio do instagram @apgufrj, que puxou a campanha junto com dezenas de outras APGs e entidades pelo país. Ela também pode ser acessada aqui: http://chng.it/PyDjW9pK

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Vergonha! O Conselho Universitário está vetando a maioria das garantias para estudantes!

18/07/2020 21:49


Ontem, o Conselho Universitário começou a aprovar o retorno das aulas remotas em condições absurdas.

Além de aprovar atividades curriculares além das complementares, aprovaram a possibilidade de até 100% de aulas síncronas, com possibilidade de cobrança de frequência e até realização de provas ao vivo online. Quem tem problemas de conexão ou qualquer motivo que impeça a presença virtual no horário marcado pode ficar seriamente prejudicada(o)!

Também foi vetado o inciso que exigia garantia de condições de acesso a estudantes pobres antes do retorno das atividades. Entre outros absurdos, cabe ressaltar os 13 votos contrários à necessidade da PRODEGESP garantir EPIs aos servidores técnicos e 11 votos contrários à permissão de atividades assíncronas de TAEs.

A sessão foi interrompida e voltará na segunda-feira (20), a partir das 9h. Embora a maior parte dos pontos ainda esteja por votar, muitos dos pontos mais importantes já passaram e tivemos derrotas em nossas propostas em quase todos eles.

Apesar do voto em unidade da grande maioria de estudantes de graduação, pós, servidores técnicos e uma parcela de docentes, a maioria dos professores está demonstrando não ter nenhuma preocupação em tentar diminuir a exclusão decorrente do ensino remoto e sua representação desproporcional no Conselho faz com que estejamos perdendo.

Neste momento, cabe expor toda nossa preocupação e contrariedade para pressionar e tentar virar esse jogo! Independente de como terminar a votação, precisaremos ampliar nossa organização e luta para enfrentar essas medidas e a exclusão de mais estudantes. Convidamos todas e todos para a próxima reunião da APG, que será na terça (21), às 9h30. Entre em contato para receber o link!

Tags: Conselho Universitáriocovidcovid-19CUndemocracia universitáriaEADensino remotopandemia

Uma ciência menos financiada e mais desigual: os efeitos dos recentes cortes da Capes

17/07/2020 12:00

Segundo estudo realizado pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), mais de 8000 bolsas de pós-graduação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) foram cortadas como resultado de quatro portarias publicadas em 2020 (18, 20, 21 e 34) pelo Ministério da Educação (MEC), então ainda sob comando de Abraham Weintraub.

A gestão vigente da APG-UFSC vem denunciando os efeitos destas portarias, bem como da política educacional do governo Bolsonaro como um todo, mas não havia dados precisos em relação à situação das bolsas da Capes. Este levantamento é um primeiro passo, e o que vemos por trás das cortinas de mistificação governamental é uma revoltante tendência: um corte de 10,4% de bolsas, de 77.629 para 69.508, que será sentido lentamente devido à criação do conceito de “bolsas empréstimo” (cotas que, uma vez finalizadas, não serão repassadas a novos/as bolsistas).

O estudo ainda ressalta que a nova política de distribuição de bolsas aumenta as desigualdades regionais: enquanto as regiões Sul, Centro-Oeste, Norte e Nordeste perderam em média 14% das cotas, a região Sudeste, responsável por mais da metade do PIB nacional, perdeu apenas 7%. Os programas de pós-graduação mais prejudicados estão nos municípios com menor IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal).

O MEC sempre justificou as portarias como se elas fossem “corrigir” disparidades regionais, além de distribuir as bolsas mais “meritocraticamente”. Podemos ver não só que a primeira é uma mentira grosseira, mas que a segunda, a obsessão meritocrática que permeia o governo Bolsonaro, é absurda, injusta e contraproducente, no mínimo ao comparar programas tradicionais em megalópoles centrais com programas novos, em locais com menor IDHM. Em outras palavras, se um planejamento ponderado e frutífero da expansão da pesquisa científica exige o incentivo para os programas que mais precisam, o que vemos é uma asfixia dessa diversidade, penalizando não só o próprio fazer científico como um todo, mas também as populações dessas regiões: segundo Fábio Guedes, pesquisador da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), em entrevista à UOL, os programas que mais sofreram com os cortes “têm uma importância vital nas regiões mais pobres e periféricas, mesmo com conceitos baixos, pois cumprem uma importante função social na formação de jovens que não têm condições financeiras para se manter em grandes centros”.

A APG-UFSC segue comprometida na luta contra estes cortes na Capes e pela reversão da tendência geral, já de muitos anos e governos, de diminuição do financiamento público da ciência brasileira.

Lives APGs Sul: Residentes e saúde | 20/07 (Segunda) às 18h

16/07/2020 21:12

Na próxima segunda-feira, dia 20/07, teremos mais uma live elaborada pelas APGs do Sul, com transmissão na página da APG – UFSM. Desta vez o tema será ‘Residentes e Saúde’, trazendo importantes questões sobre esta categoria que está junto dos demais trabalhadores da saúde e assistência social, cumprindo papel central no combate à Covid-19.

O tema é crucial, pois a pandemia segue firme no Brasil e os residentes continuam enfrentando dificuldades históricas da categoria, como a sobrecarga, a falta de direitos trabalhistas, atrasos de bolsas, e assim por diante.

As lives das APGs do Sul sempre contam com um debate após as exposições iniciais. Participe!

APG-UFSC solicita medidas por parte da UFSC sobre bolsistas em estágio no exterior

15/07/2020 12:00

A partir de 11 de março de 2020, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou a pandemia mundial de Covid-19, diversos países declararam estados de emergência sanitária, adotando medidas como lockdown, distanciamento e isolamento social em diversos níveis.

Para muitos bolsistas CAPES em estágio no exterior, assim como posteriormente ocorreu com bolsistas nacionais, essas medidas impactaram sobremaneira em seus planos de trabalho, pois levaram ao cancelamento de atividades presenciais nas universidades, centros de pesquisa e serviços, entre outros.

Em 18 de março, bolsistas receberam por Linha Direta o seguinte informativo, que trata a permanência do bolsista no exterior ou seu retorno ao Brasil como uma decisão pessoal, destacando ainda que uma futura retomada do estágio no exterior estaria sujeita a custos bancados pela/o próprio bolsista:

Prezado(a) bolsista,

A)Caso a sua instituição tenha suspendido as atividades e haja interesse pessoal de retorno antecipado em virtude da pandemia do Covid-19 , fica autorizado o retorno antecipado com ônus para a CAPES. A bolsa, entretanto, será interrompida.

B) Caso o bolsista deseje fazer um retorno antecipado e, após a normalização da pandemia COVID-19, retornar ao país estrangeiro, fica o bolsista autorizado a retornar com ônus para a CAPES e nesse caso a bolsa será SUSPENSA durante a sua permanência no Brasil. Quando do seu retorno para o exterior, após a normalização das atividades nas instituições no exterior, os custos com deslocamento (retorno ao país de estudo e posterior retorno ao Brasil) e seguro-saúde serão custeados pelo bolsista, sendo que a CAPES manterá o pagamento das mensalidades pelo período restante da concessão.

Solicitamos que o bolsista entre em contato com seu técnico na Capes, via Linha Direta e mencione a sua decisão no assunto da mensagem “Atividades suspensas COVID – 19”.

Imediatamente após este informativo, foi solicitado por Linha Direta que os bolsistas que fossem permanecer no exterior enviassem uma declaração de que decidiram permanecer no país, isentando a CAPES de responsabilidades futuras.

Naquele momento, no entanto, ninguém fazia ideia da gravidade, das implicações e do alcance desta pandemia, para que uma escolha consciente pudesse ser tomada. Alguns bolsistas simplesmente não tiveram opção de escolha ao encontrarem-se presos nas cidades e países em que estavam. Além do que, a agência colocou que a opção do retorno seria por uma questão pessoal e sujeita a custos caso o bolsista retornasse posteriormente ao país em que estava estagiando (uma possibilidade que até o momento, não se sabe se é concreta dentro dos prazos de defesa, considerando que muitos países em processo de reabertura de fronteiras excluíram o Brasil da lista de países para reabertura). Não houve orientação ou recomendação explícita, por parte da CAPES, de que os bolsistas deveriam retornar ao país.

Já no dia 30 de abril, com a suspensão das atividades acadêmicas presenciais no Brasil, a CAPES possibilitou por meio da Portaria nº 55/2020 que os programas de pós-graduação prorrogassem por até três meses as bolsas de mestrado e doutorado, visando garantir os direitos e condições de pesquisa de bolsistas com andamento de pesquisas prejudicado devido à pandemia.

Entretanto, embora em seu artigo 1º a portaria trate “da prorrogação, em caráter excepcional, dos prazos de vigência das bolsas de estudo no país concedidas pela CAPES”, o site da agência nacional coloca que “para Benedito Aguiar, presidente da CAPES, apoiar os bolsistas é fundamental neste momento, seja os que atuam no exteriorou que desenvolvem suas atividades no País” (Fonte).

Contudo, os bolsistas que entraram em contato por Linha Direta foram informados de que no caso das bolsas no exterior, o estágio poderia ser prorrogado após análise documental realizada pela CAPES, porém, sem ônus para a agência, isto é, sem mais mensalidades de bolsa. Isso contraria o princípio de isonomia entre bolsistas, estando ainda em desconformidade com a nota do presidente da Capes sobre apoio aos bolsistas no exterior.

Além disso, diversos bolsistas têm relatado dificuldades no recebimento de informações, bem como para retornar ao país, o que tem gerado grande angústia e sensação de abandono. Cabe também destacar que muitos bolsistas não possuem recursos financeiros que lhes permita assumir qualquer despesa extra além daquelas financiadas pela bolsa.

São alguns dos problemas relatados:

  • Demora em receber resposta por Linha Direta, mesmo quando o assunto é de extrema urgência;
    As respostas efetivamente dadas pro Linha Direta são protocolares e burocráticas, sem atentar aos problemas específicos colocados;
  • Exigência de envio de declaração por Linha Direta na qual o bolsista atestasse suposta escolha de permanência no país, isentando a CAPES de responsabilidades, caso ocorra algum problema com o mesmo, tal declaração sendo exigência para recebimento das mensalidades seguintes da bolsa no exterior;
  • Cancelamento de voos para o Brasil por empresas aéreas, o que tem implicado em diversas situações como as constantes remarcações dos voos; exposição do bolsista ao vírus mediante enorme tempo de espera em aeroportos, voos muito longos ou devido ao cancelamento das conexões;
  • Em alguns casos, bolsistas estão sendo solicitados/as a comprar com recursos próprios sua passagem, para serem reembolsados/as futuramente, e o reembolso não tem sido total; passagens estão sendo compradas pela Capes sem bagagem despachada; viagens são marcadas apenas até grandes aeroportos, sem escalas mais próximas do destino final de moradia;
  • Falta de auxílio financeiro para estudantes que se encontraram presos no país de destino, considerando especialmente gastos extras com moradia, legalização da permanência, transportes internos, alimentação, deslocamento e outras despesas extras;
  • Impossibilidade de retorno devido a problemas de saúde;
  • Desassistência da cobertura de saúde no caso de pandemia pela maioria das apólices seguradas e aprovadas pela CAPES, considerando ainda o valor exorbitante cobrado pelas seguradoras para renovações nos casos de prorrogações;
  • Prejuízo para conclusão ou seguimento das pesquisas que estavam em andamento (coleta de dados, parcerias com centros/grupos de pesquisa de excelência, experimentos de bancada, etc.) e que poderiam ser continuadas com a prorrogação da permanência no exterior, uma vez que muitas universidades já retomaram ou estão prestes a retomar suas atividades presenciais. Neste sentido, o retorno ao Brasil implicaria em ainda mais prejuízos, uma vez que as universidades brasileiras permanecem com suas atividades presenciais suspensas;
  • Pedidos de prorrogação de bolsas no exterior com ônus para a agência sem análise e resposta automática, por Linha Direta, de que os pedidos que serão analisados serão somente os que constem nas cartas o termo “SEM ÔNUS”. Ou seja, não está aberta a possibilidade de solicitar prorrogação com ônus mesmo nesta circunstância excepcional e tampouco considerar as singularidades de cada caso.

Neste sentido, solicitamos por parte da UFSC:

  • Levantamento junto aos Programas de Pós-Graduação (PPGs) de número e situação de bolsistas que se encontram ainda no exterior;
  • Pleitear junto à CAPES a isonomia de bolsistas no exterior no sentido de prorrogar o recebimento de bolsas até outubro de 2020, conforme Portaria nº 55/2020, bem como melhoria na assistência, comunicação e acolhimento aos bolsistas, abrindo diálogo para análise das solicitações de prorrogação das bolsas no exterior com ônus da CAPES;
  • Pleitear junto à CAPES auxílio financeiro para despesas tidas por bolsistas em função da impossibilidade de retorno do bolsista na data acordada;
  • Prorrogação do prazo de defesa nos casos de bolsistas que retornaram e que tiveram prejuízo no desenvolvimento das pesquisas, pleiteando junto à CAPES que esta seja uma possibilidade para toda/o bolsista, não apenas na UFSC;
  • Apresentar à comunidade acadêmica dados em relação ao financiamento de programas de estágio no exterior (como o CAPES-PrInt), efetivando a canalização de recursos (em todo ou em parte) que não poderão ser mais utilizados devido à pandemia para apoiar discentes ainda no exterior.

Manifestos da UFSC sobre o EAD na pandemia

14/07/2020 14:31

Nas últimas semanas, a UFSC vem passando por acalorados debates sobre o ensino à distância, tanto no âmbito das reuniões do Conselho Universitário quanto no âmbito das discussões próprias de cada categoria. A partir disso, vários posicionamentos vêm sendo trazidos a público. Publicamos a seguir alguns dos documentos que a APG avaliou como sendo de grande contribuição para decidir o futuro da UFSC, já que permitem bem fundamentar os debates que subsidiarão nossos próximos passos.

Ensino Remoto na UFSC: Por que não queremos atividades síncronas?

14/07/2020 14:13

Estudante, você sabe o que está sendo discutido no Conselho Universitário da UFSC sobre as suas condições de estudo, pesquisa e trabalho?

Diversas/os estudantes, de todos os campi, têm relatado dificuldades, pelos mais variados motivos, em conseguir acompanhar atividades em tempo real. Assim, a APG-UFSC defende que não sejam realizadas atividades de ensino remoto síncronas, com vistas a mitigar o caráter excludente do ensino remoto, que precariza as atividades pedagógicas.

Leia também nossa posição acerca do ensino remoto na pós-graduação da UFSC em geral.

A Fapesc está mesmo comprometida com suas pesquisas?

03/07/2020 17:29

Após a flexibilização do isolamento em Santa Catarina, os casos de COVID-19 voltaram a aumentar em todo o Estado e um novo endurecimento das medidas de isolamento está sendo feito. Consideramos que essas medidas são fundamentais para garantir nossas vidas e saúde! Porém, elas impactam diretamente a possibilidade de que nós, bolsistas de pós-graduação da Fapesc, possamos fazer nosso trabalho com qualidade.

A própria Fapesc sabe disso. Conforme o comunicado publicado no site no dia 23 de junho, a própria agência de fomento está fechada, tendo suspensas as atividades presenciais e realizando atendimento por meios remotos. O mesmo acontece com a maioria de nossas pesquisas durante o período de isolamento. Devido ao atual cenário que estamos vivendo, o acesso aos laboratórios está restrito e os campos de pesquisa na maior parte das áreas de pós-graduação encontram-se suspensos, atrasando o cronograma de muitas pesquisas.

No dia 22 de maio, mais de um mês atrás, dezenas de bolsistas Fapesc se reuniram e publicaram uma carta aberta à agência pedindo pelo direito de prorrogação das bolsas, medida adotada por todas as grandes agências de fomento da ciência brasileira, incluindo Capes, CNPq e muitas agências estaduais. Nossa nota foi assinada pela Associação de Pós-Graduandas e Pós-Graduandos (APG) da UFSC; pela Apufsc, o sindicato docente da UFSC; pela Coordenação de sete Programas de Pós-Graduação; 66 bolsistas Fapesc; 36 docentes da UFSC; e mais de 70 outros pós-graduandos.

Até o presente momento, obtivemos somente a repetição de posicionamentos antigos, contrários à prorrogação, e uma eterna burocracia para responder a nota e as solicitações feitas pelos pós-graduandos. Faz mais de um mês! A postura da Fapesc é um enorme desrespeito a uma parcela significativa da comunidade científica e universitária de Santa Catarina, além de ser contraditória à sua prórpia declaração de apoio à ciência, já que a negativa de prorrogação gera mais insegurança e ansiedade aos pesquisadores que precisarão de mais tempo para concluir suas pesquisas.

A situação se torna ainda mais absurda pois a Fapesc não pode oferecer nem mesmo argumentos de ordem orçamentária. Nos últimos anos, foram abertos diferentes editais em parceria entre a Capes e a Fapesc para oferta das bolsas. O edital nº 05/2019, por exemplo, prevê que todo o financiamento das bolsas é responsabilidade da Capes, enquanto a Fapesc faz apenas a gestão. Mesmo nesses casos, onde há disponibilidade da Capes em oferecer e financiar  a prorrogação de bolsas, a Fapesc se recusa a abrir essa possibilidade!

Que tipo de pesquisa a FAPESC quer fomentar com essa política? Ela espera que possamos produzir ciência e informação de qualidade apenas dentro de casa? Ainda que alguns de nós, pós-graduandos, tenhamos acesso aos meios de comunicação remotos, a grande maioria está tendo dificuldades em prosseguir com suas pesquisas. Em meio à pandemia que tem trazido desafios a todos nós, destacamos especialmente aqueles que foram acometidos pelo coronavírus, aqueles que estão cuidando de pessoas do grupo de risco, de crianças, e aqueles que estão tendo que buscar novas fontes de renda. Destacamos, também, como ponto crucial no impedimento de nossas atividades, o estresse e ansiedade causada pela restrição do convívio social e pela situação do Brasil frente à COVID-19.

Ressaltamos mais uma vez que os impedimentos na realização, continuidade e qualidade das pesquisas atuais são provenientes de uma situação de pandemia atípica que está acometendo todas e todos nós, mesmo que de formas diferentes! Isso deve ser levado em consideração nas tomadas de decisões, pensando na qualidade e continuidade da produção científica que vem dos pós-graduandos. É ainda mais um absurdo que a Fapesc, além de negar a prorrogação, tenha sugerido a suspensão da bolsa aos que se encontram impedidos de realizar a pesquisa no momento.

Para que ciência continue firme, precisamos do apoio da Fapesc neste momento tão difícil, não só mantendo as bolsas, mas também possibilitando a prorrogação. Infelizmente, a não-prorrogação das bolsas afetará a qualidade das pesquisas desenvolvidas e agrava ainda mais a instabilidade emocional que estamos vivenciando neste momento. É isso que a Fapesc quer para nosso Estado e nossa sociedade?

PRORROGAÇÃO DAS BOLSAS FAPESC DE PÓS-GRADUAÇÃO JÁ!

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Sobre o avanço da epidemia de Covid-19 em Santa Catarina e na cidade de Florianópolis: manifesto de Programas de Pós-Graduação da UFSC e entidades da saúde

01/07/2020 18:19

MANIFESTO DO DEPARTAMENTO DE SAÚDE PÚBLICA, DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA E DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA SOBRE DO AVANÇO DA EPIDEMIA DE COVID-19 NO ESTADO E NA CIDADE DE FLORIANÓPOLIS

O Departamento de Saúde Pública, o Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva e o Programa de Pós-Graduação em Saúde Mental e Atenção Psicossocial da Universidade Federal de Santa Catarina vem a público manifestar grande preocupação quanto ao avanço da epidemia de COVID-19 no estado de Santa Catarina e quanto as recentes medidas de flexibilização de atividades econômicas que ocorreram na cidade de Florianópolis.

A partir de informações oficiais se pode observar o aumento expressivo no número de casos novos, no número de casos ativos, na letalidade e na taxa de ocupação dos leitos de UTI em todo estado. Particularmente, na cidade de Florianópolis, os dados do Covidômetro da Prefeitura Municipal, em 29/06/2020, dão conta de que estamos próximos do colapso da oferta de leitos, com 85,96% de taxa de ocupação, e que o número de casos ativos quadruplicou nas últimas quatro semanas.

Apesar da melhoria observada na transparência dos dados sobre a COVID-19 em Florianópolis, a informação acerca dos critérios que fundamentam as mudanças na classificação de risco na cidade ainda é desconhecida. Importante destacar que a cidade apresenta, neste momento, a classificação “alto risco” em referência ao risco da epidemia na cidade, de acordo com informações do próprio Covidômetro.

Não há dúvida que o avanço da epidemia em Santa Catarina teve início com o relaxamento das medidas de isolamento social a partir da liberação pelo Governo do Estado do funcionamento de atividades em 01 de abril de 2020, após um período de significativo controle da epidemia. Ato contínuo, diversas prefeituras municipais flexibilizaram atividades em plena fase de aumento do número de casos e óbitos em Santa Catarina.

Naquele momento, nos posicionamos contrários a qualquer medida de flexibilização do distanciamento social por compreender que elas conflitam com a proteção à saúde da população e pressionam de forma negativa o sistema de saúde, já fragilizado por conta da pandemia. Em que pese as prefeituras municipais gozarem de certa autonomia para decretar medidas de flexibilização do distanciamento social o processo iniciado pelo Governo do Estado foi interpretado como um “sinal verde” pela quase totalidade de prefeituras e pela população catarinense, provocando o relaxamento das medidas de controle ao contágio pelo novo Coronavírus.

Fato é que a população compreendeu, e ainda compreende, de forma dúbia as mensagens passadas pelas gestões no âmbito estadual e no âmbito dos municípios quanto a real necessidade das medidas de distanciamento social. Como consequência, observamos o baixo engajamento da população na adoção dessas medidas, por todo o estado.

Reforçamos que as melhores evidências científicas disponíveis (Referências abaixo) e muitas experiências internacionais demonstram que: 1. O avanço da epidemia somente pode ser contido com medidas amplas de distanciamento social; 2. É fundamental a adoção de estratégias de diagnóstico, acompanhamento, tratamento e isolamento de grupos de risco de forma sistemática; 3. O alinhamento único de estratégias entre os governos potencializa, em muito, a capacidade de resposta a doença; 4. É necessária uma estratégia clara de divulgação da eficácia das medidas tomadas e dos riscos envolvidos em sua não adoção.

Nesse sentido, todas as medidas adotadas pelo poder público para aumentar o distanciamento social, associadas a informação da população acerca de sua necessidade, são positivas e estão alinhadas às melhores práticas sanitárias mundiais para o controle da pandemia de COVID-19.

Entendemos que existem repercussões econômicas significativas quando medidas que diminuem a circulação de pessoas são adotadas por conta da pandemia. Entendemos, também, que é papel dos governos adotar medidas que diminuam os efeitos econômicos sobre a população e sobre os setores econômicos, em especial aqueles que estão no mercado informal e os de menor renda e maior vulnerabilidade.

Conclamamos o poder público, os setores econômicos e a população geral à reflexão sobre a necessidade urgente de que medidas de distanciamento social sejam reforçadas no estado e na cidade de Florianópolis, a fim de que possamos enfrentar apropriadamente a epidemia, respaldados nas melhores evidências científicas. Somente assim se cumpre o papel de proteger as pessoas e salvar vidas.

Florianópolis/SC, 29 de junho de 2020.

Referências:

MacIntyre, CR. Case isolation, contact tracing, and physical distancing are pillars of COVID-19 pandemic control, not optional choices. Lancet Infect. Dis. 2020. Published Online June 16, 2020 https://doi.org/10.1016/S1473-3099(20)30512-0

Nussbaumer-Streit_B, Mayr_V, Dobrescu_AI, Chapman_A, Persad_E, Klerings_I, Wagner_G, Siebert_U, Christof_C, Zachariah_C, Gartlehner_G. Quarantine alone or in combination with other public health measures to control COVID-19: a rapid review. Cochrane Database of Systematic Reviews 2020, Issue 4. Art. No.: CD013574. DOI: 10.1002/14651858.CD013574.

Viner, RM, Russel, SJ, Croker, H, Packer, J, Ward, J, Stansfield, C, Mytton, O, Bonell, C, Booy, R. School closure and management practices during coronavirus outbreaks including COVID-19: a rapid systematic review. Lancet Child Adolesc Health 2020; 4: 397–404. Published Online April 6, 2020 https://doi.org/10.1016/S2352-4642(20)30095-X

Departamento de Saúde Pública da UFSC
Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da UFSC
Programa de Pós-Graduação em Saúde Mental e Atenção Psicossocial da UFSC

São signatários deste Manifesto as seguintes entidades:

– Associação Brasileira de Saúde Coletiva – Abrasco
– Sociedade Brasileira de Bioética – SBB/Regional SC
– Núcleo de Pesquisa e Extensão em Bioética e Saúde Coletiva
– Núcleo de Estudos e Pesquisas em Avaliação em Saúde
– Núcleo de Humanização, Arte e Saúde
– Grupo de Pesquisa em Política de Saúde
– Grupo de Pesquisa em Farmacoepidemiologia

Instituições, entidades, coletivos e grupos interessados em serem signatários deste Manifesto, encaminhar solicitação para secretaria do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva por e-mail.