Mais um semestre de luta que chega ao fim

09/07/2019 14:32

Desde o início da gestão PRA NÃO LUTAR SÓ, da APG UFSC, estivemos concentradas na luta por uma educação 100% pública, gratuita e socialmente referenciada. Isso quer dizer que não baixamos a cabeça em nenhum momento para o projeto evidente de desmonte da universidade, praticado pelo governo federal e tantas vezes viabilizado pela administração central da UFSC.

Estivemos firmes na luta contra a privatiação da educação, que começa com a proposta de cobrança de mensalidade na pós-graduação lato sensu, atualmente tramitando no Conselho Universitário. Pautamos as ações afirmativas para todos os programas de pós. Defendemos que o Centro de Convivência seja utilizado integralmente pelas estudantes. Realizamos assembleias lotadas com estudantes da pós e incentivamos sempre a organização pela base. Ajudamos a compor ativamente a Comissão Unificada da UFSC para organizar as lutas contra os cortes de verbas e contra a reforma da previdência, além de construir junto o UFSC na Praça. Pudemos perceber que nossas ações tiveram forte adesão, tanto de estudantes de pós quanto de estudantes da graduação que não reconhecem no DCE uma entidade mobilizadora. Nossas posições políticas não são segredo para ninguém: durante todo o tempo fizemos ampla divulgação de nossas ideias e atividades, tanto em redes sociais quanto no Boletim da Educação que enviamos periodicamente para todas as estudantes de pós da UFSC.

Esses dias fizemos uma grande festa junina e agora é tempo de frio e férias. Mas será mesmo?

Estudantes de pós costumam dizer, e mais ainda ouvir, que não têm férias. E, de certa forma, é verdade. Temos teses e dissertações para escrever, estágios para preparar, experimentos para realizar (e por isso lutamos contra o fechamento do RU nas férias!). Mas neste ano não teremos férias também porque o governo federal elegeu a educação pública como sua inimiga preferida. E nós, estudantes que ocupamos esse espaço de estudo e luta chamado Universidade Pública, não podemos simplesmente tirar o pé. Assim, seguimos as próximas semanas sem reuniões, para que possamos começar um novo semestre logo mais, com novas encontros para dar continuidade às nossas lutas!

No segundo semestre de 2019 vamos continuar combativas, de acordo com nossos princípios de gestão horizontal e autonomia financeira. Vamos continuar expressando sem medo nossa voz independente de sindicatos e quaisquer entidades desmobilizadoras. Vamos continuar pautando a luta popular contra o capitalismo, uma luta fundamentada em organizações de base, sem fins eleitoreiros. E vamos continuar buscando uma união real e efetiva com as pessoas que, assim como a gente, sabem que somos fortes quando não lutamos só!

SÓ A LUTA MUDA A VIDA!

APG-UFSC subscreve à nota da APG-UFRJ contra as prisões arbitrárias durante a Greve Geral de 14 de junho

17/06/2019 11:00

Segue abaixo a nota das nossas companheiras e companheiros da APG-UFRJ pela liberdade das pessoas presas ontem durante os atos da greve geral no Rio Janeiro, Porto Alegre e Vitória.

A APG-UFSC repudia as prisões arbitrárias e lembra todas e todos que LUTAR NÃO É CRIME! Solidariedade às compas lutadoras e liberdade pra todas já!

APG-UFRJ: LIBERDADE IMEDIATA AOS ESTUDANTES E TRABALHADORES DA USP, RODOVIÁRIOS DO RIO GRANDE DO SUL E DO ESPIRITO SANTO.

Neste dia 14 de junho trabalhadores de vários setores, estudantes, educadores estão desde as primeiras horas da manhã mobilizados em diversas cidades de todo o país. A repressão não tardou. Na USP pela manhã estudantes e trabalhadores foram detidos de maneira truculenta, após a repressão policial, que terminou com vários feridos e 11 presos por se manifestarem contra a reforma da previdência e em defesa da Educação.

Além disso, 75 pessoas foram detidas no Rio Grande do Sul, dentre as quais trabalhadores rodoviários nas manifestações de rua em defesa do direito à aposentadoria, enquanto outras 10 pessoas no Espírito Santo também foram presas arbitrariamente. Trata-se de mais uma tentativa do governo de Bolsonaro de coibir o direito dos trabalhadores de fazerem greve, e dos estudantes e apoiadores de manifestarem-se.

Nós da APG-UFRJ nos solidarizamos com as companheiras e companheiros detidos, e exigimos sua imediata libertação! Nenhuma repressão aos que hoje se levantam contra essa ofensiva para retirar nossos direitos.

Nota sobre a Greve Geral de 14 de junho

15/06/2019 11:30

Uma greve geral só acontece com ação direta e solidariedade de classe! Por isso, nós da APG UFSC, como parte da classe trabalhadora, saudamos a força de todas as pessoas que no dia 14 de junho pararam as atividades e contribuíram para dar uma mensagem material e simbólica a burguesia, que vêm precarizando cada vez mais a nossa vida e destruindo o pouco que ainda temos nas universidades e escolas públicas. Enquanto não houver igualdade para os pobres, não haverá paz para os ricos!

Somar a mobilização estudantil contra os cortes na educação à luta contra a reforma da previdência tem sido nossa pauta desde o início desse ciclo de lutas, porque ambas se colocam no caminho de uma vida digna para todas e todos nós! Essas pautam se encontram já na preparação da greve nacional da educação no dia 15 de maio, passando pela paralisação no dia 30 de maio e agora na Greve Geral de ontem, marcada por diversos atos em Florianópolis desde o início da manhã e reunindo milhares de pessoas em ato no centro, para finalizar as atividades do dia em unidade com as categorias de trabalhadoras e trabalhadores da cidade. Era estudante junto com trabalhador nas ruas de toda a cidade!

Não só em Florianópolis, em todo o país as ruas foram tomadas no dia de ontem e a elite sentiu o prejuízo! Tanto que sua força repressora na figura da polícia, reprimiu duramente as manifestações. A APG UFSC se coloca ao lado das companheiras e companheiros presas no 14 de junho em outras cidades do país, como em Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo e Vitória, e exige liberdade para lutar. Quando nossos direitos estão em jogo, é parte da estratégia dos que tem o poder criminalizar nossas lutas, porém lembramos que protesto não é crime e continuamos na construção de um povo forte.

E não vamos parar por aí: seguimos firmes na luta contra os cortes na educação e contra a reforma da previdência, para a construção de uma greve prolongada e que não seja cooptada por pautas individuais de algumas organizações eleitoreiras. Vamos continuar fomentando a organização pela base, num esforço real de unidade entre as forças universitárias e combativas em Florianópolis. Esse é o caminho pra não lutar só!

Aula Pública 10/06 às 18:30: GREVE GERAL: o que é, por que se faz

07/06/2019 16:00

O PROLETARIADO EM REVOLTA AFIRMA O SEU DIREITO À VIDA

A partir da frase que abriu o jornal operário A Plebe em 1917, logo após o início da greve geral, a APG-UFSC convida todas e todos para a aula pública “GREVE GERAL: o que é, e por que se faz”, na segunda-feira (10 de junho) às 18h30, no Auditório do Bloco E do CFH. Bora construir a luta e afirmar nosso direito à vida, pela educação e contra a reforma da previdência.

Venha conhecer a história e a força dessa tática! GREVE GERAL É A SOLUÇÃO!

UFSC na Praça contra os cortes na educação e contra a reforma na previdência sobe a Serrinha!

07/06/2019 11:15

Entendendo o papel comunicador e de diálogo da universidade pública, o grupo UFSC na Praça organiza sua próxima atividade na Servidão dos Lageanos, no nosso bairro vizinho: a Serrinha.

Para essa atividade estamos em contato com a comunidade da Serrinha e, buscando trazer para o debate toda a comunidade universitária, convidamos estudantes, técnicos/as e professores/as para que juntem-se a nós!

A iniciativa visa realizar mostras das atividades da UFSC em espaços públicos para diálogo com a sociedade sobre a importância das instituições públicas de ensino, pesquisa e extensão. Durante a paralisação do dia 15 de maio tivemos vários participantes que levaram suas pesquisas até a Praça XV de Novembro.

No dia 8 de junho, próximo sábado, das 13h30min às 17h30min, o evento será na comunidade próxima da UFSC, na Servidão dos Lageanos, na Serrinha.

Grupos de pesquisa e demais integrantes da comunidade acadêmica que tenham interesse em participar e construir essa iniciativa, entrem em contato por meio do e-mail ufscnapraca@gmail.com.

Vem pra rua conosco contra os cortes na educação e contra a reforma na previdência! Visite o evento no Facebook para mais informações.

PROGRAMAÇÃO

13:30-17:30
ATIVIDADES

Atendimento Jurídico – Advogada Popular
Projetos de Química – Quimidex
Sociologia do Trabalho – Lastro
Estudos da Filosofia – Hermeneia
Regeneração de Queimados e Uso de Células Tronco – LACERT
Game Comenius e Jogos Educativos – EDUMIDIA
Agricultura Comunitária – OCA
Português como Língua de Acolhimento – PLAM
Fortalezas de Florianópolis – Coordenadoria das Fortalezas da Ilha de Santa Catarina
Estudos de gênero – IEG
MArquE – Museu de Arqueologia e Etnologia da UFSC
Cálculo de Aposentadoria e Reforma da Previdência – GEPOC, GEPETO e MTM (MobilizaCED)
Educação pré-vestibular comunitária – Projeto Integrar
Projeto de Atividades Extracurriculares da UFSC
E MAIS!

13:30-17:30
ATIVIDADES DE RECREAÇÃO INFANTIL

Leitura, desenho e pintura
Confecção de faixas
Fortalezas da Ilha para colorir

15:00-16:30
RODA DE CONVERSA: Lutas comunitárias, por educação e pela previdência

Estudantes em defesa do aumento retroativo das bolsas de pós-graduação, iniciação científica e pesquisa!

04/06/2019 14:10

O aumento retroativo das bolsas de pós-graduação, iniciação científica e pesquisa não é negociável!

Desde o último reajuste, em 2013, as bolsas perderam quase 40% do seu poder de compra, tendo em vista a inflação do período. Dois projetos de lei que propunham o aumento retroativo e anual das bolsas, um deles de iniciativa parlamentar, e outro de iniciativa popular, tiveram recentemente a retroatividade retirada de seus textos, ficando limitados apenas ao aumento anual.

É fato que o aumento anual é necessário, porém na situação que as bolsas se encontram, apenas o aumento anual pouco compensaria a perda financeira acarretada por 6 anos sem aumentos. Na verdade, o aumento anual poderia servir até para tentar desmoralizar a luta pelo reajuste retroativo, o qual é urgente e indispensável!

Um desses projetos, de iniciativa popular, foi criado na forma de Ideia Legislativa pelo site do Senado, e obteve mais de 20 mil apoios em 4 meses! A Ideia Legislativa foi, então, transformada em Sugestão Legislativa (SUG 24/2018), a qual obteve, até o momento 89.129 apoios!

A SUG 34/2018 foi recentemente enviada para discussão pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado, no entanto, no relatório final, produzido pela Senadora Leila Barros (Leila do Vôlei – PSB), o aumento retroativo foi retirado! Na proposta da SUG 34/2018, o retroativo foi colocado como sendo indispensável, constando, inclusive, no título da proposta. Independentemente disso, a retroatividade foi retirada, contrariando a opinião de quase 90 mil pessoas que apoiaram a sugestão.

Bolsistas são a mão-de-obra da ciência no país, sendo os responsáveis diretos pela realização dos experimentos necessários para a publicação de artigos, desenvolvimento de tecnologias, depósito de patentes e cura de doenças! A recusa do governo em garantir esse aumento retroativo, independentemente da questão financeira do país, deixa claro a completa falta de compromisso com o desenvolvimento científico, essencial para a superação da crise, além da falta de respeito com os profissionais responsáveis por esse desenvolvimento! Os índices de doenças psicológicas na pós-graduação não param de subir, e a falta de valorização profissional, aliada ao excesso de pressão produtivista, estão afastado cada vez mais os jovens da carreira acadêmico-científica, além de produzir uma fuga de cérebros que terá consequências devastadoras para a nação!

Cabe a nós estudantes pressionar o poder público para que atendam nossas demandas, e que seja garantido o aumento retroativo, assim como o reajuste anual, para que essa situação jamais se repita.

Tendo em vista essa questão, fica aqui uma nota de repúdio ao posicionamento da Senadora Leila Barros, e a chamada para apoio a uma nova Ideia Legislativa, dessa vez contendo apenas o aumento retroativo, para mostrar que não desistiremos dessa forma de pressão, pois precisamos urgentemente de uma remuneração justa!

O aumento retroativo é urgente, indispensável e inegociável!

Nova Ideia Legislativa: https://www12.senado.leg.br/ecidadania/visualizacaoideia?id=123671

Não tem chuva que vai nos impedir de lutar: estudantes de pós-graduação da UFSC na linha de frente no 30M!

31/05/2019 13:00

Depois da HISTÓRICA assembleia dos/as estudantes de pós-graduação no dia 9 de maio e do gigantesco ato do dia 15, os céus de Florianópolis nos colocaram um desafio: como nos defender dos ataques do governo Bolsonaro (PSL) debaixo de 100 milímetros de chuva, deslizamentos pela cidade, e até a possibilidade de granizo?

Pois demos a resposta nas ruas. Neste dia 30 de maio, juntamos forças novamente com secundaristas, graduandos/as, técnicos/as, professores/as e apoiadores/as para ocupar o centro da capital catarinense com reivindicações URGENTES: a liberação das verbas do Ministério da Educação e o enterro da reforma da previdência!

Jamais um país saiu de uma crise sem alto investimento em educação e ciência, e a asfixia de universidades e IFs só faz piorar a situação! Isso já está causando demissões de terceirizados/as, sinaliza a falência do ecossitema econômico dos bairros e cidades universitários, e será um duro golpe à trajetória acadêmica de milhares de estudantes, em especial negros/as, indígenas, quilombolas e de baixa renda (classes D e E), estes/as últimos/as sendo 70,2% dos/as estudantes do ensino superior público no país.

Mais que isso, pós-graduandos/as não possuem direitos trabalhistas, e nossa dedicação à ciência costuma custar caro em termos de contribuição previdenciária. A reforma da previdência nos prejudica ao adiar nossa aposentadoria e, com a capitalização, ao deixá-la ao sabor de banqueiros e flutuações de mercado. Só que ela também prejudica toda a classe trabalhadora: aumentará o desemprego por aumentar a competição por emprego entre gerações, possibilita descontos nos/as atualmente aposentados/as, aumenta a curto prazo os gastos do governo sem qualquer benefício. Ela MENTE quando fala de “déficit” sem levar em conta todo o sistema de seguridade social; ela É INJUSTA quando resolve massacrar trabalhadores/as em vez de cobrar mais dos superricos; ela é CRUEL quando fará pobres trabalharem até morrer.

Depois das manifestações do 15M, o presidente nos chamou de idiotas, e seu ministro tanto solapou a democracia universitária quanto tentou obter dados sigilosos de candidatos do ENEM. Ontem, nos atos do 30M, instalou um canal de denúncias e tentou até proibir pais de alunos (!) de se manifestarem sobre as manifestações. Por trás de um governo ignorante, arrogante, e constantemente ilegal, estão os interesses econômicos das elites de sempre, que só entendem uma língua: a força do povo.

Na Greve Geral do dia 14 de junho, vamos falar essa língua de novo. Já mostramos nossa organização e nossa coragem, tomando a frente da luta da nossa geração: dia 14 vai ser MUITO maior, porque vamos somar com TODA A CLASSE TRABALHADORA para PARAR essa cidade, esse estado e esse país!

PÓS, PRESENTE, UNIDA E RESISTENTE!

Quem sente na pele primeiro os efeitos dos cortes são trabalhadores/as: terceirizados/as demitidos na UFSC

29/05/2019 16:33

Nesta segunda, 27/05, recebemos notícias de que trabalhadores/as de serviços de limpeza já teriam sido demitidos/as. Isso prejudica a limpeza, sobrecarrega brutalmente o trabalho dessa categoria, mas principalmente abala o sustento de todas as famílias destes/as trabalhadores/as.

A APG-UFSC alerta que isto é consequência dos cortes à educação promovidos pelo governo Bolsonaro (PSL). E este é só o começo. Dos 171 mi do orçamento discricionário anual da UFSC (o que é usado, por exemplo, para custeio), sobraram apenas 111 mi após os cortes de 35% no começo do mês. Deste valor, 24 mi vêm do PNAES, que a administração central afirma ser possível preservar – sobrando 87 mi. Destes 87 mi, a UFSC já utilizou para custear suas atividades, do começo do ano até aqui, 58 mi. Sobram apenas 29 milhões para 7 meses.

Isso inviabiliza a universidade na prática. Sofrerão milhares de estudantes de graduação e pós-graduação – impactando sua permanência e suas trajetórias acadêmicas – mas, para além destes e primeiramente, os/as trabalhadores/as terceirizados/as serão os/as primeiros a serem demitidos pelas empresas gestoras em função do não-pagamento. Além disso, toda a economia florianopolitana, especialmente nos bairros ao redor da universidade, serão afetados – para não mencionar os outros campi, que terão suas atividades atingidas.

É preciso barrar esse ataque, e isso se faz nas ruas. É preciso fazer com que o governo tenha medo do movimento estudantil, declarando em alto e bom som que não deixaremos que destruam a educação de nível superior e a ciência de ponta que se faz nas universidades públicas brasileiras. Vamos dialogar com a classe trabalhadora sobre a importância do que fazemos, abraçando também a rejeição à reforma da previdência, para exigir que a classe política faça o que é de nosso interesse, não da elite que só faz explorar nosso povo. Dia 30 será maior!

VERGONHA! Senador Esperidião Amin (PP) tenta “explicar” cortes e foge do debate em audiência pública

27/05/2019 08:00

No dia 20 de maio, a APG-UFSC marcou presença no seminário com parlamentares catarinenses para discutir a situação das Universidades e Institutos Federais a partir dos cortes do governo Bolsonaro (confira nosso discurso aqui). As reitorias do IFC, do IFSC e da UFSC demonstrarem o quanto os cortes inviabilizam o funcionamento das instituições no segundo semestre, prejudicando milhares de estudantes e trabalhadores/as. Mesmo assim, o senador Esperidião Amin (PP, ex-ARENA) ofereceu uma não-solução e depois fugiu do debate.

O senador apontou que os cortes são consequências da recessão econômica. Assim, serviu de papagaio para o discurso de um governo que deseja se eximir do próprio dever de beneficiar o povo em vez de destruir seu futuro. Como possíveis soluções, acenou para emendas parlamentares (dinheiro à disposição de congressistas para investimentos) e opinou que nenhuma alteração orçamentária deveria ser feita sem o aval do Congresso.

Comprometimento com soluções efetivas? Nenhum. As emendas, ainda que fossem suficientes, não só não recompõem a dignidade das instituições atacadas pelos cortes do governo Bolsonaro, como as prostram de joelhos, em dependência dos parlamentares que arbitrariamente decidiriam “salvá-las”. Quão magnânimos! Agiriam, na verdade, em chantagem semelhante à do próprio governo federal, que indica a aprovação da reforma da previdência como condição para liberação dos recursos (no dia 23 de maio, o Ministério da Educação literalmente começou a fazer propaganda para a reforma da previdência em seus canais oficiais). E se no futuro o congresso precisaria aprovar os cortes? Bem, aparentemente não poderíamos contar com o voto do senador para barrar essa medida, considerando que para ele essas são apenas as “consequências que vêm depois” – ou seja, os cortes seriam inevitáveis.

Vêm depois do que, exatamente, senador? Se por um lado estamos de fato diante de anos de recessão, medidas como a Emenda Constitucional 95 (“teto de gastos”), que o Estado brasileiro têm defendido e o senhor apoiou, não foram solução. Pelo contrário: aprofundaram a crise através da precarização dos serviços públicos que a classe trabalhadora necessita, e beneficiaram a aristocracia nacional, da qual o senhor e sua família fazem parte. O senador Esperidião Amin e sua esposa, deputada federal por Santa Catarina Ângela Amin (PP, ex-ARENA, não compareceu ao seminário), possuem mais de 3 milhões de reais em patrimônio declarado (fonte: Estadão). Possuem 4 carros; 10 imóveis (sem contar porcentagens de imóveis); 30 mil reais em obras de arte e, na época da declaração (2018), 45 mil reais em dinheiro em espécie (30 mensalidades de uma bolsa de mestrado, simplesmente guardados por aí, em algum cofre, por alguma razão). São pessoas como essas que defendem a reforma da previdência, e justificam a “falta” de dinheiro para a educação e ciência públicas no Brasil. Que não parecem preocupadas com os próprios efeitos econômicos, de curto, médio e longo prazo, dos ataques às instituições que produzem a esmagadora maioria do ensino e da pesquisa no país: as consequências virão depois!

Para qual de suas casas o senador foi assim que completou seu discurso? Não sabemos. Sabemos que ele se recusou a ouvir a réplica; fugiu, para longe da pressão que os/as presentes fizeram sobre os representantes do povo. Esperidião Amin quis justificar o inaceitável, propor o inadequado, evitar o contraditório e posar pra foto como se estivesse fazendo alguma coisa. Vergonhoso!