A pós graduação da UFSC está em greve na luta pela educação!

11/09/2019 23:09

Hoje (11/09), às 13h, no Centro de Convivência da UFSC, realizou-se, com cerca de 500 estudantes de pós-graduação, a Assembleia Estudantil da Pós-Graduação da UFSC com pauta única: a greve da educação. Seguem os encaminhamentos da Assembleia Estudantil da Pós-Graduação da UFSC:

Pós-graduandos e pós-graduandas em greve, com as seguintes reivindicações:

1. Restituição do orçamento da educação deste ano cortado pelo governo;

2. Revisão da lei orçamentária de 2020 no que diz respeito à educação, para retorno mínimo do patamar 2014.

3. Arquivamento do Future-se;

4. Reajuste retroativo de bolsas de mestrado e doutorado em defasagem há seis anos;

5. Aumento da oferta de bolsas de mestrado e doutorado, bem como reversão de todos os cortes realizados em bolsas e comprometimento com sua manutenção, isto é, das existentes e das que foram cortadas, e de apoio a políticas de permanência na pós-graduação, distribuição de bolsas por questões socio-econômicas e recorte raciais (negras, indígenas e quilombolas);

6. Manutenção das bolsas vigentes e reconstituição das cortadas;

7. Arquivamento da Reforma da Previdência;

8. Revogação da Emenda Constitucional do Teto de Gastos (EC95).

Criação de Grupos de Trabalho (GTs) para a construção da greve na pós, sendo eles:

  • GT Saúde: promover espaços e formas de contribuir para a saúde mental e física nesses tempos de luta.
  • GT Jurídico: apoio para dúvidas e eventuais questões de cunho legal, como orientações a cerca de contratos de bolsa etc.
  • GT Comunicação Interna entre os programas (articulação do programa): estabelecer contato com as coordenações e dialogar com a base dos programas; articular com as representações discentes ações para mobilização dos programas.
  • GT Articulação Nacional: articular a luta nacionalmente, em contato com outras APGs e ANPG, assim como categorias de outras universidades em luta.
  • GT Formação: promover espaços de debate para que possamos durante a greve avançar nas discussões pertinentes ao contexto em que vivemos e na universidade que queremos defender, incluindo formação sobre branquitude e racismo nas suas interseccionalidades, sobre produtivismo acadêmico e histórico de lutas da pós-graduação.
  • GT Arte/Gráfico: produzir material para as atividades de greve, para ser distribuído e postados nas mídias da APG e dos programas.
  • GT Ética: acolher os casos de assédio, racismo, machismo, LGTBfobia e outros casos de opressão que ocorrerem durante a greve; pensar nas especificidades da formação das discentes e nos conflito com orientadoras/es ou professoras/es.

Criação de um Comitê de Greve que será constituído por 1 delegada de cada programa em greve + 1 delegada da APG + 1 delegada de cada GT, com reunião a ser convocada pela APG nos próximos dias.

  • Apoio a Ações Afirmativas na pós-graduação da UFSC e que, neste momento, a proposta de Resolução que prevê ações afirmativas na nossa instituição, reservando 20% de vagas para negros e negras, indígenas e pessoas com deficiência, seja aprovada.
  • Incorporar o documento elaborado pelo fórum de estudantes negras e negros nas pautas de reivindicação da greve da pós graduação.

A partir desses encaminhamentos, convidamos para que participem dos GT’s aprovados em nossa Assembleia. Para isso, basta deixar seu whats com nome do GT em nosso e-mail, apgufsc@gmail.com ou nos enviar pela rede social instagram @apgufsc.

Juntos e juntas construiremos diariamente a greve da pós-graduação da UFSC que, com nossa pulsão de luta ativa, se tornará nacional.

Para barrar a precarização, greve geral na educação!

APG UFSC
11 de setembro de 2019.

Carta de deflagração de Greve da Pós-Graduação/UFSC

11/09/2019 19:34

No dia 11 de setembro de 2019, aniversário do golpe militar chileno, por volta de uma da tarde, mais de 500 estudantes de pós-graduação se reuniram no primeiro andar do prédio ocupado pelo movimento estudantil, o Centro de Convivência da UFSC. A reunião aconteceu por convocação da Associação de Pós-Graduandos da UFSC, APG/UFSC, enquanto Assembleia Geral, para deliberar sobre a greve estudantil da categoria de pós-graduação. Essa foi a maior assembleia estudantil de pós-graduação de que temos registro e contou com representantes de dezenas de programas de pós-graduação da Universidade.

O acúmulo para a discussão sobre greve chega nesta data no correr de um ano intenso de ataques à educação. No início do mês de maio, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), por meio do Ofício Circular nº 1/2019-GAB/PR, informou o recolhimento de bolsas e taxas escolares não utilizadas no mês de abril, impossibilitando que as bolsas que estavam disponíveis fossem repassadas a novos bolsistas. Os programas afetados foram: Programa de Demanda Social (DS); Programa de Excelência Acadêmica (PROEX); Programa de Suporte à Pós-Graduação de Instituições Comunitárias de Ensino Superior (PROSUC); Programa de Suporte à Pós-Graduação de Instituições de Ensino Particulares (PROSUP); e Programa Nacional de Pós-Doutorado (PNPD/CAPES).; notícia que chegou na sequência do anúncio de um bloqueio de mais de R$ 6 bilhões em verbas destinadas para a educação, realizado contra o orçamento mais baixo destinado à área em toda a década. O que ocasionou um corte de 22% da verba da CAPES, principal agência pública de fomento à pesquisa e responsável pela implementação da maioria das bolsas de estudo no país; um corte de 30% das verbas de custeio das Instituições Federais de Ensino (IFES); além de absurdos cortes impostos ao CNPq, segunda agência pública central para o apoio à pesquisa no país, que em 2018 já apontava para o iminente colapso financeiro por falta de repasses. Esse cenário confrontou a comunidade universitária nacional com um quadro de risco grave de paralisação das políticas públicas do Governo Federal para a educação. Com ameaça do comprometimento da subsistência e trabalho de dezenas de milhares de pesquisadoras e pesquisadores em todo o Brasil, além dos prejuízos ocasionados para outros setores da educação. Na UFSC, a Administração Central anunciou no mesmo período a impossibilidade de seguir o funcionamento da Universidade a partir do mês de agosto.

Essa situação se agravou ainda mais nos meses seguintes. Diante de um bloqueio que significou para a UFSC o corte de mais de R$ 43 milhões na verba discricionária, medidas de austeridade passaram a ser tomadas pela Administração Central, entre elas: demissão de pelos menos 95 trabalhadores terceirizados, cujos serviços cuidavam da limpeza, vigilância e outras funções essenciais para o funcionamento da instituição. O resultado foi sentido de pronto, entre outras coisas, na precarização imediata das condições de trabalho dos trabalhadores remanescentes nas funções, diminuição da salubridade dos campi e vigilância com sérios sinais de risco para a comunidade em função de baixo contingente. A resposta do Governo Federal veio na forma de um projeto para a educação, apresentado em uma minuta proposta pelo MEC, que seria reformulada nos meses seguintes, para ser apresentada como projeto de lei no Congresso Nacional, com o nome FUTURE-SE.  O projeto consiste em um plano privatista, apresentado em tom de bravata pelo provocador que passou a servir no cargo de Ministro da Educação, superando a incompetência de seu antecessor. Os pontos problemáticos do projeto são muitos, nesta carta citamos apenas alguns, como: gestão das IFES por meio de Organizações Sociais – OS; descaracterização do regime de dedicação exclusiva das IFES; criação de um fundo patrimonial para gestão de patrimônio e ativos; além, obviamente, de nenhuma menção no texto sobre permanência estudantil ou sobre os grupos mais afetados pela realidade universitária de precarização atual, a saber, mulheres, negros, indígenas, quilombolas, LGBTQIs e pessoas com deficiência; tampouco tivemos menção sobre a participação democrática nas esferas deliberativas das IFES, seja com relação a estudantes e TAEs ou à comunidade externa.

Com a grave situação em crescente, observamos um massivo corte de bolsas no interlúdio entre o primeiro e o segundo semestre e a manutenção dos cortes orçamentários. No cenário nacional foram mais de 11 mil bolsas de estudos cortadas, bem como a impossibilidade de cadastramento de novos bolsistas ou renovação de bolsas cujos pesquisadores possuem pesquisa em andamento. Na UFSC, de acordo com levantamento feito pela Pró-Reitoria de Pós-Graduação (PROPG), foram mais de 240 bolsas de estudos perdidas. Isso em paralelo com a manutenção do corte orçamentário levou a Administração Central, no mês de agosto, a propor uma nova rodada de cortes e medidas de austeridade, dentre elas a diminuição drástica da capacidade de funcionamento do Restaurante Universitário (RU), que deixaria cerca de 10 mil usuários diários sem alimentação.

O conjunto de problemas e das dificuldades em seguir no clima de normalidade imposto pela opressão disciplinar do Governo, que encontrou ressonância em setores da Universidade, levou a um levante estudantil, de todas as categorias. O resultado foi uma assembleia comunitária, chamada pela reitoria no auditório Garapuvu, do Centro de Eventos, o maior da UFSC, que não foi suficiente para conter as milhares de pessoas que compareceram, mais de 4 mil pessoas, na maior assembleia já realizada na UFSC em sua história. Na ocasião, vários setores, entre eles grupos raramente ouvidos nos espaços públicos de decisão, puderam ter voz e, para as próximas semanas, uma sessão extraordinária do Conselho Universitário (CUn) foi chamada para debater como pauta única o posicionamento da UFSC com relação ao FUTURE-SE. Chegada essa reunião, o projeto do governo foi rejeitado e o movimento estudantil passou a construir uma pauta de greve da categoria.

A greve na UFSC não surge como algo espontâneo. Ela é fruto da mais profunda insatisfação e repúdio contra as ações promovidas pelo governo Bolsonaro. Sua deflagração é resultado de um amplo contexto de debates e discussões políticas sobre a Universidade que vêm sendo realizados desde o primeiro semestre. Durante todo o ano a comunidade estudantil da UFSC tem ocupado as ruas para denunciar os abusos do governo, em diversos atos e atividades que reuniram dezenas de milhares de pessoas. A pós-graduação, em especial, esteve presente em todos os momentos e em todos os espaços de mobilização. Inclusive contra o projeto de Reforma da Previdência apresentado pelo governo, que na esteira da Reforma Trabalhista e da Emenda Constitucional 95, representa a agenda perversa de retirada de direitos em implantação no Brasil. Presenciamos o surgimento de uma enorme corrente de solidariedade e amizade entre discentes dos mais diferentes programas, para agir pelo objetivo comum de melhores condições de trabalho e de defesa da educação pública e gratuita.

Neste cenário, é impraticável não fazer frente junto a um recorte racial da crise. Estudantes negras e negros na esteira do racismo estrutural ancestral erguido em nossa sociedade precisam ter sua pauta debatida e levada para os espaços públicos de discussão. São incontáveis os casos de violência física, simbólica e de invisibilização das pautas anti-racistas e anti-machistas. Trata-se de uma realidade em que o desmonte e sucateamento do ensino não é algo novo, mas sim o que está historicamente estruturado para um povo. Às populações negras, quando acessam as universidades públicas, é reservado o pior lugar, desde as instalações precárias, a falta de acesso a moradia, a indisponibilidade de bolsas, alimentação e até a recusa de professores à inserção em grupos de estudos, pesquisas ou na contemplação de epistemologias afros. É imprescindível o reconhecimento de que vivemos em uma democracia seletiva, racializada e que pouco atende as necessidades das populações negras. O resultado é que temos o formato da universidade pública pensada para atender os interesses das populações brancas. Os povos negros, como também os povos indígenas e quilombolas, estão em crise há séculos, sofrendo opressões e perdas de direitos desde o momento das invasões do continente africano e das américas. O desmonte das IFES e a proposta de privatização, simplificada no FUTURE-SE, são manobras de um governo que já vem atacando os diversos direitos conquistados por intensas batalhas neste país, e que têm piorado desde o governo Temer com a Emenda Constitucional 95/2016 e diversos golpes institucionais em curso. Neste sentido, é urgente a necessidade de incorporação destas pautas pelo Movimento Estudantil e pela Administração Central da UFSC, de modo que as especificidades das estudantes negras e negros sejam ouvidas e que tenhamos um debate sobre a reestruturação da universidade, para o fim de um cenário hegemonicamente branco, no qual tenhamos de fato uma universidade de e para todos.

O que aponta para a necessidade também de um recorte de gênero. As mulheres, em especial as mulheres negras, mulheres pobres, mulheres indígenas e mulheres mães, sofrem com o modus operandi de uma universidade feita para homens e para a elite. Em que, materialmente, faltam creches, espaços de escuta, bolsas com recortes específicos para essas categorias e uma perspectiva de administração e pedagogia universitárias que considere as diferenças em que nos encontramos. E, em que, subjetivamente, a educação que nos deparamos ainda é majoritariamente aquela que privilegia a contribuição e participação masculina e branca nos espaços de discussão, sem questionar ou incentivar a construção de ferramentas de transformação dessa realidade. Para isso, ressaltamos, será essencial que as professoras e os professores e as gestoras e os gestores disponham-se a adaptar a universidade a essas demandas, tanto para aquelas mulheres que já estão na universidade, quanto para aquelas que não chegam ou não conseguem manter-se em nossa instituição pelas dificuldades encontradas. Ponto que nos leva a pensar a situação de vulnerabilidade das populações LGBTQIs, que já passam por todo tipo de violência desde o seio familiar até as ruas de nossas cidades, cujo sangue marginalizado pode ser encontrado por todos os lugares do nosso país. O preconceito e a desinformação, armas utilizadas em grande escala por este governo, são tradicionalmente utilizados para matar e invisibilizar as populações LGBTQIs, cujo acesso a espaços heteronormativos, como a universidade, dá-se pelas marcas da exceção e do preconceito estruturado em nosso tecido social. Todas as formas de LGBTQIfobia devem ser repudiadas e combatidas pelo Movimento Estudantil e pela Administração Central da UFSC e a inclusão da pauta de gênero no âmago do debate público precisa ser feita de maneira urgente. É passado o tempo de aceitarmos caladas o extermínio de formas de vidas divergentes do padrão branco, patriarcal, heteronormativo, cristão e ocidental.

Por fim, temos a necessidade de enfrentar um debate que contemple um recorte de classe. Para além das especificidades de cada grupo social que compõe a pós-graduação, que apontam para uma diversidade tão grande quanto às variações socioeconômicas que atravessam nossa sociedade, bem como perpassam as questões de raça e gênero citadas anteriormente, temos a pós-graduação como classe trabalhadora. Já ultrapassamos a linha do objetivo de conseguir uma formação de ensino superior, porém muitas vezes não nos encontramos enquadrados no mercado de trabalho tradicional. O que torna inegável nossa condição de mão de obra científica deste país, que nos caso das IFES responde por mais de 90% da produção nacional, que recebe pagamento, possui chefia, cobranças e perspectivas de retaliações legalizadas pelo Estado para o caso de não nos adequarmos aos critérios de avaliação estabelecidos pela burocracia e pelo mercado. Somos classe trabalhadora desorganizada e é chegado o tempo de nos unirmos e pautarmos nossos direitos historicamente negados. É inaceitável que estejamos com um contingente enorme de pesquisadoras e pesquisadores sem receber pagamento, também chamado bolsa de estudos, por seu trabalho. É um escândalo que as bolsas de estudo estejam há cerca de seis anos sem nenhum reajuste, por qualquer índice que seja; que nossas condições de trabalho, dentro ou fora de laboratórios, estejam precarizadas; que as políticas de permanência estejam completamente defasadas, sem um acompanhamento efetivo que seja ao menos no caso da saúde mental, que tira a vida e as condições de estabilidade de um incontável número de pesquisadoras.

Diante desse quadro desolador, nossa esperança é a luta. Diante da covardia de um governo, que no revés de cumprir sua função juramentada diante da constituição, para a construção de uma democracia efetiva, nossos recursos são a rebelião e a radicalização. Por estas razões, acordamos em decisão soberana, tirada pela Assembleia Geral da Pós-Graduação UFSC, pela DEFLAGRAÇÃO IMEDIATA DE GREVE NA PÓS-GRADUAÇÃO/UFSC. Os pontos de reivindicação do nosso movimento são os que seguem:

  • Restituição do orçamento deste ano cortado pelo governo;
  • Revisão das propostas de legislação orçamentária para o exercício de 2020, no que diz respeito à educação, para retorno mínimo ao patamar de 2014;
  • Arquivamento do FUTURE-SE;
  • Reajuste retroativo das bolsas de mestrado e doutorado, defasadas em 6 anos;
  • Aumento da oferta de bolsas de mestrado e doutorado, o comprometimento com sua manutenção, isto é, das existentes e das que foram cortadas, como assegurar a permanência de quem acessa a pós-graduação e apresenta maior  vulnerabilidade social ocasionada pela problemática do racismo estrutural; que se  estabeleçam políticas urgentes de permanência na pós-graduação pelo governo e pela autonomia universitária, com a disponibilização  efetiva de bolsas por recorte racial (negras, indígenas e quilombolas) e questão sócio-econômica  garantindo a equidade;
  • Arquivamento do projeto de Reforma da Previdência;
  • Revogação da Emenda Constitucional do Teto de Gastos (EC95).

Chegou a hora de nos unirmos contra todo retrocesso e em reivindicação dos nossos direitos, conclamamos as demais pós-graduações do Brasil, bem como nossa entidade representativa nacional, a Associação Nacional de Pós-Graduandos, para a construção de uma GREVE NACIONAL DA EDUCAÇÃO. Conclamamos também as demais categorias de trabalhadoras e trabalhadores da educação, professores, TAEs, demais categorias estudantis e profissionais da educação de todo o país, para a construção da GREVE. Conclamamos, finalmente, todas as trabalhadoras e trabalhadores deste país, para reagir à precarização com organização e luta, para que juntos e juntas possamos construir uma GREVE GERAL, capaz de dobrar os interesses políticos nefastos que guiam este governo. À luta!!

Assembleia Geral da Associação de Pós-Graduandos da Universidade Federal de Santa Catarina,

11 de setembro de 2019.

CHAMADO À LUTA – É hora de nos organizarmos!!!

05/09/2019 13:07

A APG/UFSC, após reunião realizada no dia 4 de setembro, chegou a um calendário inicial de mobilização que vai até a próxima semana. Essa breve agenda segue como resultado da discussão de avaliação sobre a Assembleia Comunitária, do dia 2, e a Reunião Aberta do Conselho Universitário, do dia 3.

Cada um desses encaminhamentos de calendário depende integralmente da adesão em massa dos corpos discentes dos PPG’s. Nesse sentido, por se tratarem de questões sensíveis, em um cenário de extrema adversidade, precisamos como nunca estarmos unidas e unidos, para trabalhar em rede, no apoio mútuo e juntas e juntos vencermos o cenário que se coloca diante de nós. Seguem os encaminhamentos de datas e algumas recomendações.

Dia 9 de setembro, ao meio dia, no hall do Centro de Convivência*: convite para Reunião Ampliada da APG/UFSC para discutir como pauta única a deliberação da Assembleia Comunitária pela suspensão do vestibular 2020, bem como seus desdobramentos para eventual suspensão dos processos seletivos de pós-graduação e dos prazos de entrega de trabalhos.

* O que será debatido na reunião? Diante do intenso debate que surgiu com a aprovação em Assembleia Comunitária da solicitação de suspensão do vestibular 2020, precisamos nos posicionar, enquanto pós-graduação sobre o assunto, assim como sobre seus desdobramentos para nossa realidade, quais sejam, a suspensão dos processos seletivos para entrada em PPG’s em 2020.

Dia 11 de setembro, 13:00h, no hall do Centro de Convivência**: convocação para Assembleia Geral da Pós-Graduação, com pauta única de greve da educação.

** O que será debatido na assembleia? No entendimento que a construção da greve é um movimento coletivo, precisamos chegar a um posicionamento enquanto categoria. Para isso, é fundamental que os programas se posicionem. Nesse sentido, solicitamos aos representantes discentes ou estudantes que estejam dispostos à organização, de levarem esse debate aos seus programas, para que na quarta possamos estar em unidade na discussão, com as especificidades de discussões de cada área.

EXTRA: Entendendo que esses posicionamentos são coletivos e que a posição tirada em cada programa é importante para nossos direcionamentos como entidade, solicitamos aos programas que realizem essas discussões e tirem posições em seus programas, especialmente sobre a declaração de estado de greve da categoria. Desse modo, a APG coloca sua estrutura à disposição para ajudar a realizar reuniões e assembleias de programas, na medida de nossas possibilidades.

Reiteramos que estamos disponíveis para tirar qualquer dúvida sobre a programação pelos nosso meios de contato e na própria sede; e que todos os programas que agendarem suas reuniões e/ou assembleias podem nos enviar suas agendas para divulgação em nossas redes sociais.

Juntxs combateremos os cortes e autoritarismo do governo federal, para isso e “pra não lutar só”, é necessário que nos organizemos. À luta!

APG UFSC
Gestão “Pra não lutar só”

Nota das estudantes do Programa de Educação Científica e Tecnológica (PPGECT) da UFSC sobre o programa “Future-se”

05/09/2019 13:04

A APG divulga o posicionamento das estudantes do Programa de Educação Científica e Tecnológica (PPGECT) da UFSC sobre o programa Future-se, analisado ponto a ponto na nota abaixo.

POSICIONAMENTO ESTUDANTIL DO PPGECT (UFSC) SOBRE O PROGRAMA FUTURE-SE

Não é possível interpretar o Programa Future-se de forma desarticulada a outras medidas realizadas nos últimos anos e que afetam a Educação, de modo geral, e o Ensino Superior, de modo mais específico. Entre elas, ressaltamos a Emenda Constitucional no 95 (https://cutt.ly/3wnwVBX), que asfixia o investimento nos serviços públicos através do estabelecimento de um teto constitucional. Desde sua aprovação, percebemos a crescente precarização do trabalho nas Intituições de Federais de Ensino Superior (IFES) públicas, seja com a falta de professores e a contratação de profissionais em caráter temporário e não de quadro efetivo (vide a lei no 12.772, de 28 de dezembro de 2012, que dispõe sobre a estruturação do Plano de Carreiras e Cargos de Magistério Federal: https://cutt.ly/7wnwNyV), ou com a crescente terceirização de trabalhadores das chamadas “atividades-meio”, como limpeza, segurança, cozinha, jardinagem, etc; e principalmente o conjunto de cortes e contingenciamento de verbas realizados pelo Governo Federal desde 2015, incluindo o brutal contingenciamento de 2019 (moção do CUN-UFSC sobre cortes em orçamento: https://cutt.ly/GwnwM9y). Ainda, é importante destacar a pesquisa feita por Seki (2014) (https://cutt.ly/Vwnw0Vx) em que constata-se, empiricamente, o aumento de parcerias público-privadas nas IFES do país nos últimos anos, além de ter ocorrido recentemente a aprovação de uma série de leis (por exemplo, Lei no 9.637, de 15 de maio de 1998 – https://cutt.ly/Iwnw9ni, que possibilita a criação de Organizações Sociais, e Lei no 12.550, de 15 de dezembro de 2011 – https://cutt.ly/cwnw3kM, que autoriza o Poder Executivo a criar a empresa pública denominada Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – EBSERH), que tem direto impacto na manutenção das atividades de ensino, pesquisa e extensão das IFES no Brasil.

No dia 30 de abril de 2019, o MEC anunciou o bloqueio de 30% na verba discricionária para todas as universidades e institutos federais de nosso país (reportagem do TJ UFSC sobre corte de verbas: https://cutt.ly/ywnw8D0). Houve grande resposta, por parte da população universitária, e diante desse anúncio manifestações foram realizadas. Contudo, o bloqueio ainda não foi revertido. Diante disso, a UFSC, recentemente, anunciou que fez uma economia de 800 mil reais por mês a partir da renegociação de contratos e demissão de funcionários terceirizados da Instituição. Cerca de 95 trabalhadoras(es) terceirizadas(os) foram demitidos, os quais realizavam inúmeros serviços, dentre eles, os de limpeza, jardinagem, vigilância, entre outros. As consequências desse ato já são sentidas pelos membros da comunidade universitária, que veem a frequência de limpeza dos espaços comuns diminuir e a vigilância ficar defasada – o que já resultou em um aumento da ocorrência de roubo, prejudicando a realização de aulas noturnas em determinados locais do campus. Mesmo diante da “economia” feita pela UFSC, essa está longe de chegar aos 43 milhões de reais bloqueados da instituição, o que poderá impossibilitar o funcionamento da UFSC a partir de setembro deste ano. É frente a esse cenário de crise que o Programa Future-se coloca-se como uma alternativa para solução dos problemas do setor. Contudo, ele apenas aprofunda os problemas colocados e que sentimos até então. A partir de um debate realizado entre estudantes do PPGECT/UFSC, apontamos alguns pontos sobre o Programa, os quais julgamos centrais para a apreciação crítica do projeto Future-se:

– O Future-se é inconstitucional? Desde a sua aprovação, a Constituição de 1988 vem sofrendo uma série de emendas. O Future-se é uma proposta de reforma universitária que afeta 16 leis atualmente vigentes, além de alterar o preceito constitucional de autonomia de gestão financeira das IFES, ao propor que essas instituições tenham apenas “autonomia financeira”.

– Iniciativas privatistas já existem nas IFES há algum tempo. Na UFSC, por exemplo, nos últimos tempos, vem-se buscando aprovar cobrança em Programas de Pós-graduação lato sensu e parcerias com empresas privadas em certas áreas. Além disso, há a prioridade do Governo Federal em financiar a educação superior privada há mais de uma década, conforme podemos observar nos resultados da pesquisa de Seki (2014), o que gera endividamento estudantil e suprime recursos para as instituições públicas. A partir do Future-se, chancelam-se todas essas ações como política pública.

– Falso diálogo! Embora tenha ocorrido um período de consulta pública, essa teve um tempo totalmente insuficiente para debate junto à comunidade de cada localidade brasileira. Além disso, a consulta realizada é principalmente de caráter textual. Não houve diálogo com as IFES quanto ao teor da proposta no momento de elaboração do projeto e tampouco no período de consulta.

– Com a gestão das IFES via Organizações Sociais – OS (conforme o proposto no Art. 4o do PL), essas instituições estarão sujeitas às decisões e ações definidas pelas próprias OS, no sentido de haver a perda da autonomia universitária em termos de financiamento, gestão e questões de cunho pedagógico. Sobre este último ponto, cabe destacar a perda da liberdade e autonomia docente, pois as OS poderão interferir diretamente na execução dos planos de ensino e projetos pedagógicos dos cursos.

– O Future-se descaracteriza o regime de Dedicação Exclusiva das IFES (conforme o proposto no Art. 18 do PL) e estabelece o notório saber (conforme o proposto no Art. 29 do PL) na carreira docente, criando condições para que docentes possam ser agentes em busca de lucros e benefícios pessoais, uma vez que busca-se que o professor seja um empreendedor.

– Atualmente, há pouquíssimo espaço para representação de estudantes e servidores técnico-administrativos, e praticamente nenhum espaço para a comunidade externa nas esferas deliberativas na IFES. Se aprovado, o Future-se irá provocar um sufocamento ainda maior da participação democrática, uma vez que o modelo de gestão via OS não pressupõe a participação da comunidade acadêmica em processos de decisão.

– Não há menção no PL sobre a assistência estudantil, ou seja, há um indício forte de que políticas relacionadas a esta demanda não serão mais realizadas.

– A gestão por OS permite o fim do Regime Jurídico Único na carreira federal, realizando contratações de futuros professores e servidores via OS, com regime CLT e sem a necessidade de concursos. Ressalta-se que a qualidade do ensino oferecido pelas IFES é influenciado pelo quadro permanente de docentes e demais servidores, o que garante planejamento de ações de longo prazo e o envolvimento dos mesmos em atividades integradas de ensino, pesquisa e extensão.

– Atualmente, as mulheres são responsáveis por mais da metade das defesas de teses de doutorado todos os anos e representam também perto da metade do professorado da educação superior pública, conforme apontado por Moschkovich (2012). Com o Future-se, passaríamos para um agravamento da desigualdade de gênero já presente na carreira acadêmica diante da reprodução da lógica de mercado capitalista no contexto acadêmico.

– Fundo patrimonial e fundo de investimento: não é a mesma coisa! Governo cita um, mas na verdade propõe o outro. Enquanto o fundo patrimonial tem relação com a cessão de imóveis e/ou terrenos, o fundo de investimento propõe a aplicação dos recursos financeiros das IFES no mercado financeiro. Pelo programa, a gestão de riscos deste tipo de aplicação fica a cargo das OS, de modo que abre-se a possibilidade de venda de parte do patrimônio público para compensar eventuais prejuízos. É importante ressaltar que a IFES ficam excluídas de qualquer participação na gestão dos fundos, uma vez que é apenas o Conselho-gestor da OS que possuirá tal autonomia.

– A pesquisa a ser realizada nas IFES será pautada pelo mercado e pelo interesse de instituições privadas, o que afeta a autonomia da instituição na definição das áreas e linhas de pesquisa a serem seguidas (conforme o proposto, sobretudo, no Art. 17o do PL). Nesse sentido, haverá uma secundarização do ensino e extensão e provável pouco investimento em pesquisas de base e/ou relacionadas à área das humanidades.

– Atualmente, as universidades públicas produzem cerca de 94% da pesquisa de nosso país, entretanto muita das patentes que produzimos, via de regra, ficam na mão de empresas privadas a partir de parcerias. O Future-se agravaria esta condição.

– Os Hospitais Universitários passam a receber brecha para entrada por porta dupla, na qual leitos podem ficar restritos a convênios privados, tirando espaço do SUS, alterando o Art. 42 da Lei no 12.550 de 15 de dezembro de 2011. A EBSERH já tem priorizado procedimentos mais baratos e reduzido as internações de médio-longo prazo, sucateando o atendimento de saúde para melhorar indicadores “de gestão”, além de precarizar o Serviço de Atendimento à Saúde da Comunidade Universitária-SASC e de não prestar atendimento de emergência.

– A proposta de internacionalização colocada parece ser via EaD, conforme o proposto no Art. 20 e 21 do PL, ao facilitar a acreditação de disciplinas cursadas em plataformas tecnológicas ofertadas por instituições do exterior. Além disso, a partir da Gestão do nome da “marca universidade federal”, as OS poderão oferecer cursos, podendo cobrar por seus serviços. Outra grande modificação é a de facilitação de reconhecimento de diplomas estrangeiros em instituições de ensino público ou privadas, hoje isso ocorre apenas via instituições públicas.

– Quem se beneficia com o Future-se? É o mercado financeiro especulativo apenas. A maioria da população brasileira será duramente impactada com a eventual aprovação do PL.

O Future-se foi feito sem diálogo com as IFES e promove uma grande mudança de modelo, natureza e finalidade dessas instituições. O MEC já sinaliza que as IFES terão que buscar seu próprio financiamento, o que desrespeita princípios constitucionais. Financiamento e gestão da universidade precisam, necessariamente, ser públicos! São muitas e muitos de nós, atuais pós- graduandas(os), que serão afetados pela destruição da carreira nas instituições federais! Nossa posição é contrária ao Programa Future-se!

Discentes do PPGECT
Agosto de 2019

Nota sobre a 5º UFSC na Praça, no Saco dos Limões, 31/ago

05/09/2019 12:59

A universidade que queremos é pública, de qualidade, gratuita e popular.

A universidade que queremos é comunicadora e responsiva aos problemas sociais!

Nesse sentido, nossa força e atuação política apoiam o movimento “UFSC na Praça”, iniciado em maio de 2019. Esse movimento demonstra que, em tempos de cortes de apoio à extensão, como o fim da SEPEX na UFSC, a comunidade universitária tem ações criativas de comunicar à sociedade o que desenvolvemos em ensino, pesquisa e extensão/comunicação nas universidades públicas.

Os cortes à educação não irão nos parar de reivindicar uma universidade popular que caminha com o povo! O quinto “UFSC na Praça” desse ano, que aconteceu dia 31/08, mostrou isso mais uma vez. Com a comunidade do Saco dos Limões, no Consulado – Escola de Samba, conversamos sobre ciência, sobre o que fazemos na universidade, reivindicando-a como de toda a sociedade, universidade também de quem ali conversava conosco.

Queremos que a SEPEX continue, mas queremos também que ela seja de quem a financia, os trabalhadores e as trabalhadoras. O UFSC na Praça, entendemos, caminha nesse sentido e, em tempos de desmonte de ações como a SEPEX, é essencial que nós, trabalhadores/as e estudantes-pesquisadores/as, assumamos também a participação na construção desse espaço, que é de uma ciência reflexiva e transformadora.

Na disputa pelas universidade públicas, em que o governo federal a quer privatizada e com o caráter público desmantelado, estamos lutando com as comunidades de Florianópolis, sendo também base trabalhadora na instituição, que não permitirá que isso aconteça!

Seguimos em luta por uma comunicação popular da ciência e um fazer pesquisa responsivo aos problemas sociais!