Verdade ou consequência: o que a APG defende frente à pandemia?
Desde nossa participação na sessão de Câmara de Pós-Graduação do dia 27, temos recebido diversos questionamentos à posição da APG que não condizem com aquilo que defendemos e levamos como propostas na reunião. Infelizmente, as sessões da CPG não são transmitidas como as sessões do Conselho Universitário, o que permitiria que o conjunto da comunidade universitária acompanhasse as posições docentes e discentes apresentadas na ocasião. Sendo assim, trazemos aqui algumas respostas que sintetizam as posições que defendemos neste momento.
A APG defende o cancelamento do semestre?
Não, pois aparentemente essa medida teria consequências legais ruins para os/as estudantes, podendo afetar “colações de grau, pagamento de bolsas, apresentações de TCCs” já realizadas [1]. No entanto, entendemos a demanda por respostas em tempo oportuno, que permitam a estudantes e docentes se organizarem, planejarem suas vidas, para qualquer decisão que for tomada. Defendemos que não haja qualquer retorno sem aviso com prazo de antecedência razoável. Por isso, temos considerado que, antes de julho, no mínimo, não deve haver retorno e que toda a comunidade seja informada com prazos maiores [2].
A APG é contra EAD?
Não. A discussão que ocorreu na sessão da CPG não discutia a modalidade EAD, que tem regulamentação própria, mas a abertura para ensino remoto emergencial na pós-graduação da UFSC durante a pandemia.
O que a APG defendeu na reunião da Câmara de Pós-Graduação?
Propusemos pequenas alterações e defendemos um parecer que permitiria atividades remotas, mas desde que satisfeitas certas condições. Diante do terrível cenário pandêmico, que deve continuar ainda por vários meses, defendemos decisões de forma horizontal, junto à totalidade da comunidade acadêmica. Defendemos, assim, que seja realizado um levantamento amplo para discutir quaisquer estratégias de retorno de maneira responsável, prudente e inclusiva para todas e todos.
Não se trata de “ensino remoto” x “fazer nada”, mas de opor um ensino remoto às cegas e despreparado, que potencialmente aprofunda desigualdades e prejudica a vida de várias/os estudantes, e um que seja planejado de maneira respeitosa e cuidadosa. Uma vez que a pandemia ainda estará conosco por um longo tempo, não devemos nos pautar pela pressa, mas sim pelo cuidado com todos os sujeitos que constroem nossa universidade.
A decisão da CPG foi democrática?
Consideramos que não [3]. Apesar de já termos visto outras propostas anteriormente, a minuta tal como foi aprovada foi apresentada pela primeira vez na própria reunião, que ainda teve a pauta realizada em caráter de urgência. Por isso, mesmo pedindo vistas, tivemos que apresentar nosso parecer na mesma reunião. Os professores que construíram o parecer substituto já tinham os votos contados para aprovar sua versão e propuseram que ela fosse votada antes mesmo de apresentarmos nossas sugestões. O resultado disso é que a CPG aprovou um documento passando por cima das discussões em andamento no Comitê de Combate à Covid da UFSC.
A APG falou que a maioria das estudantes da pós-graduação são contrárias ao ensino remoto emergencial?
Não. Embora alguns programas tenham levantado internamente essa posição estudantil através de questionários, a maioria da pós-graduação ainda não teve local para expressar sua opinião. Acreditamos que isso deve acontecer, mas não antes que seja feito um bom levantamento das condições concretas de participação de nossa categoria em atividades remotas.
A APG tem um formulário para ouvir a posição das estudantes?
Sobre retorno de atividades remotas, ainda não. Fizemos já em março um levantamento das condições de permanência, motivados principalmente pelo impacto do fechamento do RU e dos cortes de bolsas Capes em nossas vidas. Com ele, demonstramos mais uma vez (com números) que é urgente termos políticas de permanência para a pós-graduação [4].
O que a APG propõe que a UFSC faça agora?
Sobre a decisão da CPG, propusemos que a minuta seja debatida no Conselho Universitário antes de ser publicada. No CUn do dia 29/05, o Reitor Ubaldo se comprometeu com esse pedido. Fora isso, temos insistido pela realização de um bom mapeamento das nossas condições estudantis em meio a essa pandemia para que sejam identificadas as limitações e problemas de possíveis atividades remotas, que precisam ser resolvidas antes de qualquer decisão final. Além disso, outras demandas estudantis têm sido levadas aos Conselhos e Comitês, como apresentamos aqui [2].
O que as estudantes podem fazer frente a essa situação?
É importante que a categoria da pós-graduação esteja cada vez mais organizada, seja junto à APG ou através das assembleias estudantis de cada programa, para acompanhar as decisões da Universidade, formular suas propostas e fazer valer os seus direitos. Em relação ao ensino remoto, especificamente, é fundamental que a gente consiga acompanhar e questionar em cada Colegiado tentativas de adesão de forma atropelada.
[1] https://twitter.com/UFSC/status/1265643706205560832
[2] https://apg.ufsc.br/2020/05/29/sobre-as-demandas-da-pos-graduacao-no-contexto-da-pandemia/
[3] https://apg.ufsc.br/2020/05/27/cpg-se-aproveita-da-pandemia-para-passar-a-boiada-do-ead/
[4] https://apg.ufsc.br/2020/04/01/a-situacao-de-estudantes-da-pos-ufsc-durante-o-isolamento-social/