Discurso de abertura, construído pela Comissão Unificada
Bom dia a todos e todas!
Hoje, dia 15 de maio, é um dia histórico na luta pela educação. Paralisamos nossas atividades e reunimos aqui toda a comunidade universitária: estudantes, professores e servidores técnicos!
Durante as últimas semanas, vivemos um período de grande agitação entre as categorias. Foram dias de grandes mobilizações e inúmeras assembleias acontecendo na UFSC e por todo país. São mais de 40 cursos de graduação que tiraram paralisação no dia de hoje em suas assembleias de base, além de milhares de estudantes reunidos deliberando a paralisação de sua categoria, tanto na graduação como na pós graduação. Que seja dito: se os ataques são muitos, também é grande nossa resistência! Seguimos a luta das ocupações de 2016, que também de forma unificada construímos uma mobilização para responder a altura das investidas na época; em 2017, junto com as trabalhadoras e trabalhadores construímos greves e ações na rua que foram capazes de barrar a reforma da previdência de Michel Temer. Agora é hora de endurecer essa luta! É preciso defender a educação pública e a universidade com todo o povo.
Essas medidas têm continuidade no que foi feito em governos anteriores, mas se articulam num projeto político ideológico de extrema-direita junto a um avanço da implementação de um projeto neoliberal. Assim, junto com os cortes na educação, estão as medidas de ataque a nossa condição de vida. A reforma da previdência, que coloca todos e todas nós na iminência de trabalhar até morrer, é a grande pauta do governo Bolsonaro e sua aprovação é fundamental para a continuidade desse mandato. Importante ressaltar que o governo tem dito com todas as letras e sem nenhuma vergonha o “bloqueio” no orçamento das universidades pode ser revertido em troca do roubo de nossa aposentadoria, em um sistema que no Chile leva muitos ao suicídio. É preciso barrar nas ruas, através de luta e organização, a precarização da universidade pública e a reforma da previdência! Assim, a greve da educação no dia de hoje é o início da construção do 14 de Junho, da greve geral contra a Reforma da Previdência e contra a precarização da vida da classe trabalhadora!
Assim, nesse clima de que há muita luta a ser construída dentro e fora da UFSC, iniciamos nossa assembleia unificada.
A assembleia da comunidade universitária é uma tradição de luta de nossa comunidade que foi retomada em 2015, também em uma luta contra cortes no orçamento da educação. Naquele momento, havia 17 anos que não nos encontrávamos todas as categorias e segmentos em assembleia. Este é um espaço fundamentalmente democrático, para a comunidade debater suas posições de conjunto. Um ponto para que possamos encontrar as convergências em nossas mobilizações.
Para isso ela tampouco se sobrepõe ao modo de organização de cada categoria e segmento. Por isso só aprovamos encaminhamentos por aclamação. E é importantíssimo que cada categoria e segmento, em suas assembleias, prepare-se para este espaço e que os encaminhamentos aqui retirados possam ser apresentados e discutidos nas assembleias.
Teremos nesse primeiro momento, uma fala de cada categoria – estudantes de graduação e pós graduação, professores e servidores técnicos. Seguimos para um bloco de dez falas de três minutos, para que ao final delas possamos aclamar os encaminhamentos da comunidade universitária.
Lembramos que essa é apenas mais uma atividade que compõe o dia de hoje e que ao final dessa assembleia, seguimos em marcha até o centro da cidade, nos unido com as companheiras e companheiros da UDESC em frente a EEB Simão Hess, bem como do IFSC.
Discurso da APG-UFSC
Na última quinta-feira, dia 09 de maio, a pós-graduação teve uma assembleia histórica, quando mais de 400 pós graduandas e pós graduandos votaram pela paralisação das atividades no dia de hoje e pela construção de um dia de luta em favor da universidade pública e contra os cortes arbitrários na educação.
Além dessa assembleia, muitos programas de pós realizaram assembleias com sua base, construindo ações coletivas em um ambiente de pesquisa viciado no trabalho individual. Para além do corte de verbas da universidade, enfrentamos um corte em milhares de bolsas de mestrado e doutorado de forma abrupta em todo o país, na UFSC foram 71. Pontuamos que os programas com nota máxima na capes, 6 ou 7, tiveram suas bolsas devolvidas, o que só demonstra o caráter produtivista e meritocrático do governo Bolsonaro. É um jogo perverso com o povo e com sua produção de conhecimento! A isso se soma que metade de nossa categoria nem sequer possui bolsa e o acesso à políticas de permanência é inexistente para a pós graduação, realidade que salta ainda mais aos olhos agora em que começamos a ver concretizada a luta pelas ações afirmativas no ingresso, ainda sem a garantia de permanência para as estudantes pobres, negras, quilombolas, indígenas, pessoas com deficiência ou pessoas trans. E mesmo para as bolsistas, a vida segue precarizada: não há reajuste no valor das bolsas desde 2013 – ou seja, compomos um categoria de trabalhadoras e trabalhadores sem direitos garantidos. Se faz necessário, portanto, que nos reconheçamos e sejamos reconhecidos como classe trabalhadora, principalmente na construção da luta por direitos.
Direitos esses cada vez mais escassos em todas as categorias com o avanço do projeto ultraliberal, onde a precarização dos serviços públicos a serviço do povo é lei. Assim, entendemos que nossa luta pela universidade pública se soma a luta contra a precarização da vida de toda a classe trabalhadora, que sofre os efeitos de uma reforma trabalhista e do teto de gastos, sendo a reforma da previdência o próximo passo em um processo político que favorece uma minoria enriquecida às custas do povo, lucrando sobre a miséria das trabalhadoras.
Nesse momento, para reverter os cortes e barrar as reformas, precisamos de luta e organização de nossa categoria, em unidade com as demais estudantes da universidade, professoras e servidoras técnicas. Sem esquecer das trabalhadoras terceirizadas que também fazem a UFSC acontecer e serão as mais prejudicadas com os cortes. Juntamos força também com as outras categorias que compõe a sociedade para enfrentar nas ruas o governo Bolsonaro.
É preciso construir, do dia de hoje até a greve geral do dia 14 de junho, ações combativas e desde a base, lado a lado engrossando o caldo da luta social. Chamamos todas as pós graduandas e os pós graduandos para somar nas demais atividades de hoje e também se fazer presente na nossa assembleia de amanhã, 12h, no hall do centro de convivência.
É pra não lutar só! É parar agora pra não parar pra sempre!