Associação de Pós-Graduandos da UFSC
  • Compromisso da Reitoria com a discussão da pauta do ensino híbrido no Conselho Universitário

    Publicado em 27/09/2022 às 16:31

    Nesta quinta-feira (29/09), o parecer da APG sobre a Resolução Normativa que versa sobre a institucionalização das aulas remotas na pós-graduação vai ser votado na Câmara de Pós-graduação (CPG). No dia 15/09, a Pró-reitoria de Pós-graduação  realizou um seminário aberto para apresentar e discutir a resolução com a comunidade acadêmica, com a presença de professores para debater o tema e espaço para questões. O espaço foi proveitoso, porém foi uma primeira iniciativa em circular o debate com a comunidade desde a tramitação em junho da Normativa. Diversas posições contrárias e questionamentos sérios foram colocados que colocam a necessidade de maior debate. Um dos encaminhamentos pedidos no seminário foi de que a Resolução fosse discutida também no Conselho Universitário (CUn), o que não havia sido confirmado pela pró-reitoria.

    Com a data de votação da resolução se aproximando, a APG pediu um espaço de fala na sessão do Conselho de hoje (27/09) para realizar a leitura de uma carta que demanda o  compromisso da Reitoria em deliberar sobre a Resolução Normativa supracitada nessa instância. Após a leitura e entrega da carta, o Magnifico reitor e Vice-reitora firmaram seu compromisso de colocar em pauta a Resolução Normativa sobre as aulas remotas no Conselho Universitário, caso esta seja aprovada nessa quinta-feira.

    Confira a carta da APG na íntegra:
    “Carta à reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina
    Cumprimentamos o Magnífico Reitor, a vice-reitora, o pró-reitor de pós-graduação e todas as pessoas presentes nesta sessão.
    A Associação de Pós-Graduandos da UFSC – Gestão Carcará vem, através desta carta, expressar sua profunda preocupação com o destino da pós-graduação em nossa instituição. E também cobrar, das autoridades que lhe cabem, uma posição firme em relação ao projeto político-pedagógico em curso para os pós-graduandos e pós-graduandas. É sabido por parte dos senhores, mas talvez desconhecido para o restante da comunidade universitária, que há uma proposta de Resolução Normativa que visa instituir permanentemente o Ensino Híbrido na pós. Por parte dos senhores membros da reitoria, alguns eufemismos lexicais têm sido evocados para suavizar o conteúdo político desta, como “presença remota ou presença síncrona nas disciplinas da pós”.
    Mas, deixemos de floreios e evidenciemos para a comunidade: se trata de uma proposta que permite transformar permanentemente uma porcentagem do currículo dos cursos da pós-graduação stricto sensu na modalidade EaD. A mudança no nome não altera seu conteúdo devastador. Qual o significado disso, se não uma proposta de hibridização dos cursos?
    Desde que essa normativa foi apresentada na Câmara de Pós-Graduação (CPG), em junho deste ano, nós estivemos cobrando a reitoria para que houvesse mais debates sobre o tema. Lembremos que a CPG é uma instância que, por si só, não garante a circulação de debates pela universidade, pois as reuniões ocorrem a portas fechadas e, muitas vezes, as pautas são votadas apressadamente.
    De fato, prontamente após nosso pedido, a reitoria, na figura do pró-reitor de pós-graduação, apresentou uma proposta de seminário, que buscava debater essa política com outros docentes, discentes e técnicos. Ficamos bastante entusiasmados com a ideia de discutir abertamente as consequências desta política. Agradecemos imensamente à reitoria por organizar um espaço tão importante como este.
    Este seminário ocorreu no dia 15/09 e foi muito proveitoso. Entretanto, ele foi insuficiente. Os próprios membros da reitoria presentes se manifestaram justamente neste sentido: de que mais debates sobre o tema seriam necessários.
    É preciso agora dar consequência ao que foi discutido, caso contrário, do que adianta uma longa discussão com a comunidade cujos debates não são transformados em decisões? Muitas inconsistências foram apresentadas sobre essa política, precisamos honrar a tarefa histórica desta instituição e dar seguimento aos trabalhos!
    E aqui estamos, às vésperas da votação da normativa, prevista para ocorrer nesta quinta-feira, dia 28,na CPG, e nenhuma outra discussão sobre o tema foi apresentada por parte da gestão nem foi indicado que este debate será realizado aqui, no Conselho Universitário. Oras, não era essa uma das críticas feitas à antiga reitoria, de que aqueles não incentivavam que as discussões fundamentais ocorressem? Além disso, como uma resolução como esta pode ser discutida apenas na Câmara da Pós, como se não tivesse um significado impactante para toda a universidade? Nós exigimos que a discussão ocorra também aqui, no Conselho Universitário!
    Lembremos que durante todo o período de campanha da chapa Universidade Presente, os então candidatos prof. Irineu e Joana, criticaram, em diversas oportunidades, a perda de capacidade decisória deste Conselho. Queridos professores, nós estávamos lá e tínhamos total acordo com os senhores neste ponto. Não é benéfico para uma instituição universitária perder a capacidade de centralizar as discussões no seu principal órgão. Se cabe a cada Câmara decidir sobre a política da universidade, o que todos nós aqui presentes estamos de fato fazendo neste espaço?
    Resgatamos o debate realizado entre os candidatos à reitoria que foram ao segundo turno para ilustrar esse ponto. Quando questionado sobre a política para a pós-graduação, o atual reitor respondeu sobre as novas resoluções da pós: “ Em relação especialmente ao debate do ensino a distância da pós-graduação, nós entendemos que é possível em alguns casos, mas que precisa de uma normativa do Conselho Universitário. Esse assunto não foi exaustivamente discutido no Conselho Universitário, então há necessidade do Conselho se manifestar”.
    Ou seja, naquela oportunidade, o então candidato questionou a falta de discussões e a ausência de debates no Conselho Universitário. O que mudou de lá pra cá?
    Prezados reitor e vice-reitora, nós estamos aqui para pedir o mínimo aos senhores: que os debates necessários sejam feitos antes da votação da proposta; e que a pauta seja apresentada no Conselho Universitário. Até a presente data, nós achávamos que nós teríamos um acordo nesses dois pontos. São duas exigências muito singelas, mas que contém nela um compromisso com o que há de mais importante na universidade: a circulação de ideias críticas e a discussão democrática nos órgãos competentes.
    Gostaríamos de sair daqui com um gesto de compromisso dos senhores: que assinem esta carta expressando seu comprometimento com essas exigências ou que assumam enquanto gestão sua recusa , não apenas perante a APG, mas para com toda a UFSC.

    Respeitosamente,

    APG – Gestão Carcará

    Florianópolis, 26 de setembro de 2022

     

     


  • Carta de Apoio da Associação de Pós-Graduandos (APG) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) à Comunidade Surda da UFSC

    Publicado em 08/09/2022 às 16:01

    Florianópolis, 01 de Setembro de 2022.

    Prezados membros da comunidade acadêmica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e demais poderes públicos. A Associação de Pós-Graduandos (APG) da UFSC vem por meio desta carta expressar o seu apoio à Comunidade Surda da UFSC, representada institucionalmente pelo Departamento de Libras do Centro de Comunicação e Expressão (CCE)

    No passado dia 25/08/2022 às 10h00m GMT-3, a APG participou de uma reunião institucional com objetivo de expor e discutir as atuais condições de mobilidade oferecidas à Comunidade Surda da UFSC, a implicar na identificação de melhorias que necessitam ser refletidas na política institucional de tradução e interpretação de ambas línguas Libras e Portuguesa.

    A APG endossa a luta do Departamento de Libras do CCE por melhorias nas condições de mobilidade institucional oferecidas à Comunidade Surda da UFSC, a qual inclui professores, técnicos, estudantes e prestadores de serviço terceirizados. É ponto assente que a atual política institucional não contempla na plenitude ações necessárias para atendimento adequado dos surdos no acesso aos serviços acadêmicos oferecidos, a implicar desde a falta de profissionais qualificados ao apoio de atividades de tradução e interpretação, à indisponibilidade de opções adequadas de acessibilidade aos serviços e espaços comuns tais como Biblioteca, Refeitório, Centro de Convivência, entre outros.

    A APG reitera que a CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988, por meio de seu Art. 5º, expressa que “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”

    Como consequência do respeito ao disposto na CONSTITUIÇÃO FEDERAL, a APG reforça o direito de igualdade da comunidade surda perante a legislação vigente, no tocante à Lei Nº 9.394, de 20 de Dezembro de 1996, a qual estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Como educação a referida lei estabelece em seu Art. 1º:

    Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.

    • 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias.

    • 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social.

    O acesso à educação é um pilar fundamental na formação do indivíduo, e torna-se ainda mais importante ao desenvolvimento humano de indivíduos que precisam lidar com as dificuldades inerentes da vida cotidiana somadas à falta de acessibilidade face às suas necessidades especiais, restrições estas a violar os princípios de liberdade e solidariedade humana estabelecidos no Art. 2º da Lei Nº 9.394:

    Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

    Como reforço à legitimidade das reivindicações das melhorias solicitadas pela Comunidade Surda da UFSC, a Lei Nº 14.191, de 3 de Agosto de 2021, incluiu o inciso XIV na Lei Nº 9.394 a estabelecer:

    Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

    XIV – respeito à diversidade humana, linguística, cultural e identitária das pessoas surdas, surdo-cegas e com deficiência auditiva.

    O direito à educação adquirido por lei, o qual inclui infraestrutura necessária ao atendimento pleno da comunidade surda, também configura-se como um direito fundamental presente no Art. 26º da DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS, constituída pela Assembleia Geral das Nações Unidas em Paris, na data de 10 de Dezembro de 1948, o qual estabelece:

    Artigo 26°

    1.  Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos a correspondente ao ensino elementar fundamental. O ensino elementar é obrigatório. O ensino técnico e profissional deve ser generalizado; o acesso aos estudos superiores deve estar aberto a todos em plena igualdade, em função do seu mérito.

    2. A educação deve visar à plena expansão da personalidade humana e ao reforço dos direitos do Homem e das liberdades fundamentais e deve favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos raciais ou religiosos, bem como o desenvolvimento das actividades das Nações Unidas para a manutenção da paz.

    3. Aos pais pertence a prioridade do direito de escolher o género de educação a dar aos filhos.

    Por fim, a APG apresenta um trecho do poema de Willard J. Madsen intitulado ‘É preciso ser SURDO para entender…”, o qual reflete bem a realidade da vida cotidiana de um surdo em meio à sociedade, e ao nosso sistema educacional:

    Como é “ouvir” uma mão? Você precisa ser surdo para entender!

    O que é ser uma pequena criança na escola, numa sala sem som com um professor que fala, fala e fala e, então, quando ele vem perto de você ele espera que você saiba o que ele disse? Você precisa ser surdo para entender!

    Ou o professor que pensa que para torná-lo inteligente você deve, primeiro, aprender como falar com sua voz assim, colocando as mãos no seu rosto por horas e horas sem paciência ou fim, até sair algo indistinto assemelhado ao som? Você precisa ser surdo para entender!

    Como é ser curioso na ânsia por conhecimento próprio com um desejo interno que está em chamas e você pede a um irmão, irmã e amigo ajuda, que respondendo lhe diz: “Não importa”! Você precisa ser surdo para entender!

    Como é estar de castigo num canto embora não tenha feito realmente nada errado a não ser tentar fazer uso das mãos para comunicar a um colega silencioso um pensamento que vem, de repente, a sua mente? Você precisa ser surdo para entender!

    Associação de Pós-Graduandos (APG) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).


  • Encontro sobre o futuro da pós: do ensino remoto ao corte de bolsas

    Publicado em 02/09/2022 às 18:28

    Alô Pós-Graduação!

    Gostaríamos de convidar a todos e todas para um encontro onde os pós-graduandos possam estar juntos discutindo sobre o ensino híbrido na pós. Recentemente foi apresentada uma minuta na Câmara de Pós-Graduação (CPG) que visa implementar de forma permanente um percentual de ensino remoto nos currículos dos programas. Gostaríamos de discutir com vocês as consequências deste modelo para a escassez de bolsas e para a qualidade do ensino.

    Como sabemos que o projeto para a implementação deste modelo de trabalho e ensino não é exclusivo à pós, convidamos também toda a comunidade de estudantes da graduação, Técnicos-Administrativos, docentes e demais pessoas interessadas para discutir conosco, uma vez que em nosso horizonte as tecnologias têm entrado não como ferramenta de apoio, mas como uma assimilação sem o diagnóstico de seus impactos na vida acadêmica e no trabalho.

    Participem com a gente!
    Dia: 12/09
    Horário: 19h
    Local: à confirmar


  • Reunião ordinária APG 01/09

    Publicado em 01/09/2022 às 10:32

    Convidamos para a reunião ordinária da APG nessa quinta, 01/09, às 12h na sede da entidade.

    Pautas:

    1) Atos do dia 7 e 10 de setembro

    2) Roda de conversa sobre aulas remotas


  • 25/08 – Reunião ordinária

    Publicado em 25/08/2022 às 10:51

    Olá, estudante! Hoje tem reunião ordinária e aberta da APG. Em agosto os encontros são remotos, por conta do recesso acadêmico, ainda nas quintas-feiras, mas agora às 12h.
    Nesta semana os pontos de pauta serão:
    1) Seminário PROPG
    2) Reunião ampliada
    3) Avaliação do Ato de 11/08
    4) Ato de 7 de Setembro

    O que: reunião da APG
    Quando: hoje, quinta-feira 25/08, às 12h
    Link da reunião: https://meet.google.com/pdj-uejf-zap


  • 18/08 – Reunião ordinária APG

    Publicado em 18/08/2022 às 10:28

    Olá pessoal, bom dia!

    Hoje é dia de reunião ordinária e aberta da APG. Essas semanas de agosto faremos a reunião on-line por conta do recesso acadêmico, sempre as quintas-feiras, às 12h.
    Continuando a pauta de lutas que temos construído, discutiremos três pontos:
    1) Próximo seminário do ciclo de debates
    2) Reunião ampliada com os discentes
    3) Demanda pelo serviço de interpretação libras-português

    Venha discutir com a APG e contribuir na organização das lutas da entidade!

    O que: reunião da APG
    Quando: hoje, às 12h
    Link da reunião: https://meet.google.com/dkq-fnpg-cqu


  • Comunicado: Reuniões Ordinárias da APG

    Publicado em 16/08/2022 às 9:54

    Olá pós-graduação! Temos um comunicado sobre as reuniões ordinárias:

    Devido ao recesso acadêmico na maioria dos programas de pós-graduação e com grande parte das(os) alunas(os) viajando neste momento, decidimos fazer as reuniões ordinárias online nas próximas semanas de agosto. Divulgaremos com antecedência nosso link das reuniões aqui para que todas(os) possam participar! Lembrando que nossas reuniões são abertas e ocorrem sempre nas quintas-feiras, às 12h30. 

    Em breve publicaremos o link da reunião dessa quinta (18/08) com as pautas do dia!

     


  • CARTA DA ASSEMBLEIA ESTUDANTIL DO PPGE AO COLEGIADO PLENO – 19 DE JULHO DE 2022

    Publicado em 22/07/2022 às 11:48

    No último dia 12 de julho de 2022, terça-feira, os discentes do Programa de Pós-Graduação em Educação se reuniram em assembleia do corpo discente. A data e horário da assembleia foi decidida por votação no grupo de discentes do programa e convocada no dia 06 de julho de 2022. A convocatória foi encaminhada a todos discentes via e-mail pela secretaria do PPGE no dia 08 de julho. Estiveram presentes discentes das linhas: Educação e Infância (EI), Sociologia e História da Educação (SHE) e Trabalho, Educação e Política (TEP).

    O intuito da Assembleia foi avaliar o período de atividades remotas, as quais foram adotadas pelo programa desde 2020 na ocasião da suspensão das atividades presenciais pela UFSC no contexto de pandemia da Covid-19 e continuaram após o retorno presencial, até o presente semestre de 2022.1. Tal debate se fez necessário, uma vez que, cientes da proposta advinda da Câmara de Pós-Graduação da UFSC para Resolução Normativa para regular as atividades remotas, percebemos a urgência de amadurecer o debate entre nossos pares e construir uma posição do corpo discente reunido e organizado no contexto em que nossa universidade direciona seus esforços para a manutenção do Ensino Remoto de forma permanente na Pós-Graduação. Tal processo hoje encontra-se em suspenso, uma vez que a representação discente de nossa entidade, a Associação de Pós-Graduandos (APG/UFSC), pediu vistas do processo que tramita e estava em vias de aprovação na CPG no dia 30 de junho de 2022. (Processo nº 23080.030050/2022-98. Proposta de Resolução Normativa sobre o desenvolvimento de atividades síncronas e assíncronas na pós-graduação stricto sensu).

    O Ensino Remoto (aqui não nos propomos a debater a nomenclatura nas diversas polêmicas relacionadas à “EaD” ou às “atividades síncronas ou assíncronas”) foi inicialmente justificado, em todas as instituições de ensino de todos os níveis, como uma possibilidade de continuar os percursos formativos dada a necessidade de isolamento social no contexto pandêmico. Ou seja, um remédio temporário para continuarmos estudando e trabalhando em um momento de incertezas sobre quanto tempo seria necessário tais medidas para a saúde pública coletiva.

    Nosso programa, como era esperado por ser da área da Educação, debateu exaustivamente a questão e muitos já alertavam sobre os riscos da manutenção e avanço desenfreado do ER, principalmente nas Universidades, as quais vêm sofrendo, há quase dez anos, uma política sistemática de desmonte via cortes cada vez mais profundos no orçamento, precarização das condições de trabalho dos TAE’s e docentes e afunilando cada vez mais as condições de permanência estudantil e de desenvolvimento científico. Não tardou em ficar palpável na conjuntura esses elementos na proposta Reuni Digital do Ministério da Educação.

    Passados dois anos do início das atividades de ER em nosso programa, todos presentes na assembleia avaliaram o período e foi unânime a avaliação negativa de tais atividades no tocante ao processo formativo e ao processo de ensino e aprendizagem. Do nosso ponto de vista, a formação de pesquisadores e docentes foi extremamente prejudicada, não há adaptação possível que alcance a qualidade desses processos quando os realizamos de forma presente, envolvida e comprometida com as aulas, os colegas e professores, ou seja, “de corpo e alma”!

    A conjuntura em que nos encontramos está extremamente tumultuada. A pandemia de Covid-19 aprofundou a crise capitalista e vem impactando diretamente e principalmente, a vida das populações mais vulneráveis e de toda a classe trabalhadora. Sentimos isso dia após dia, seja no aumento dos combustíveis e nos custos de vida provenientes da crise inflacionária produzida pelo atual governo, seja nas estratégias de precarização do acesso às políticas sociais, incluindo educação e assistência. Diversos estudantes têm relatado dificuldades objetivas para viver e morar em Florianópolis e sofrem com a especulação imobiliária galopante e, com a falta de bolsas ou dos não reajustes destas, muitos têm precisado manter seus empregos com jornadas semanais de 30h, 40h ou mais horas.

    Essa conjuntura desastrosa somada à naturalização do ER nas Universidades a partir da pandemia, têm contribuído para a permanência e aprofundamento desta modalidade de ensino, sendo este apresentado como uma vantagem para driblar as dificuldades com as quais temos nos deparado.

    Porém, quando pensamos na produção de nossas dissertações e teses, não podemos encará-las como um desafio individual, a produção delas e a defesa de investimentos na ciência e na educação em nosso país só faz sentido se colada à defesa do sentido universitário, da defesa de autonomia de produção científica de um país e de uma sociedade orientada a superação de seus dilemas sociais. Não há, em nossa avaliação, vantagens na qualidade da apropriação e apreensão dos conteúdos necessários à formação em pesquisa e docência no dito Ensino Remoto, pelo contrário. Há sim, uma tentativa de driblar as dificuldades socioeconômicas, que por mais que sejam legítimas e compreensíveis, não podem nos fazer abrir mão da universidade brasileira e da qualidade histórica que tanto defendemos!

    Por isso, decidimos dirigir esta carta ao colegiado! A posição dos discentes do PPGE é contrária ao ER na UFSC. Desta forma, queremos que esta seja a posição do nosso programa. Se nós nos adequarmos passo a passo a todos os ataques que a Universidade sofre, não teremos mais pelo que lutar e seremos engolidos pela lógica que tenta acabar com a qualidade, a resistência e a luta que a Universidade representa à um projeto de sociedade presente e futuro. Que lutemos contra quem nos ataca sem reduzir nosso horizonte! Que possamos analisar a atual conjuntura não para nos adaptarmos à ela, mas sim para transformá-la!


  • Nota dos/das discentes do PPGSS acerca da possibilidade de implementação permanente do Ensino Remoto na Pós-Graduação

    Publicado em 22/07/2022 às 11:45

    Os/as discentes do Programa de Pós Graduação em Serviço Social (PPGSS) da UFSC, em reunião ocorrida no dia 20/07 decidiram, por unanimidade, colocarem-se em total contrariedade à Resolução Normativa, registrada no Processo 23080.030050/2022-98, apresentada no dia 23/06 na Câmara de Pós-Graduação (CPG), que visa institucionalizar de 20 a 30% de cada um dos currículos dos programa em caráter remoto.

    A proposta se apresenta no momento em que a Universidade adapta-se ao seu primeiro semestre de atividades presenciais após quase dois anos exercendo atividades em caráter remoto emergencial. Essa suposta experiência com as atividades online, entretanto, tem sido reivindicada por alguns setores da universidade para justificar a implementação de um projeto de longa data do capital: o Ensino a Distância.

    Esses setores, no âmbito da CPG, têm justificado o projeto sob dois argumentos: 1) A existência de uma portaria emitida pela CAPES em 2019 que autoriza a modalidade de educação a distância em pós-graduações stricto sensu; 2) a resolução normativa n ̊ 154/CUn da UFSC, que já prevê a possibilidade de professores externos aos programas participarem de aulas em sistema de videoconferência. Além disso, adicionam no processo o embasamento “científico”: três artigos que defendem os supostos benefícios do ensino híbrido.

    Em primeiro lugar, que a CAPES tenha uma resolução que autoriza a modalidade a distância em pós-graduações stricto sensu não deveria ser um argumento com peso, pois a universidade tem autonomia em relação às indicações de órgãos estatais para essa instituição. Em segundo, esse não deveria ser mais um dos processos que é justificado por já existirem aberturas legislativas. Essa é uma estratégia para afastar o debate político e implementar o projeto da classe dominante para a universidade sem discussões profundas sobre seu verdadeiro significado. E em terceiro, fica excluído do processo toda a produção científica do “outro lado”: todos aqueles pesquisadores que têm se dedicado a debater os efeitos negativos dessas experiências e os reais motivos pelos quais elas têm se apresentado com tanta força nas universidades.

    Do nosso ponto de vista, essa normativa deve ser rejeitada em sua totalidade. Nós, pesquisadores de uma universidade pública, preconizamos pela qualidade da nossa formação, o que inclui a presença de professores e colegas em sala de aula, a vivência no espaço da universidade e as trocas dentro e fora da sala. Além disso, a qualidade da nossa formação relaciona-se diretamente com o financiamento à pesquisa, o que deve incluir bolsas para os alunos em valores condizentes com as necessidades dos/as pesquisadores/as, e também recursos para a manutenção dos espaços de pesquisa. Infelizmente, esse projeto se apresenta como uma das formas de a universidade se adaptar à crise orçamentária, tanto para a manutenção de suas atividades quanto para o fomento à pesquisa.

    Ademais, para aqueles/as que almejam a pesquisa com intuito de construir uma carreira docente, acabam sendo confrontados, devido à essa política, com a demissão em massa de professores em razão da substituição destes pelo uso massivo de Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs). Soma-se a isso, a alteração da própria carreira docente, com a inserção de outras carreiras com um grau de precarização mais acentuado, como a de tutoria, que aparece para mediar a relação dos estudantes com essas tecnologias. Esvazia-se assim, grande parte do papel que docentes têm a cumprir na formação dos/as pesquisadores/as.

    Um dos argumentos correntes na defesa da implementação definitiva do Ensino Remoto na pós-graduação stricto sensu tem sido o suposto enriquecimento, a partir das experiências online, a partir do compartilhamento de relatos, pesquisas, estudos por pesquisadoras(es), estudantes, professoras(es) das mais diversas instituições de ensino superior, no Brasil e fora dele. Ainda que, de fato, o ensino remoto tenha permitido tais trocas, é importante reiterar que essas se resumem a espaços limitados de troca de experiências, restritos às imagens e áudios que as plataformas permitem. Com a generalização da utilização desses recursos, na verdade, o que aconteceria seria o empobrecimento de eventos, seminários, congressos científicos, que não mais contariam com a possibilidade de, em viagens, estudantes, professoras(es), pesquisadoras(es) conhecerem outros campi, outras universidades, países, culturas, línguas, costumes – experiências intrínsecas às tarefas relativas ao comparecimento nesses espaços.

    Articulado a isso, cabe ainda questionar as implicações dessa “internacionalização” da universidade do ponto de vista do debate histórico que remete à propriedade intelectual, ainda que não em um sentido privado. Faz-se necessário ter em consideração que os diversos países, colocados na tarefa da produção de conhecimento, o fazem em uma divisão internacional do trabalho historicamente determinada, que os coloca em posições distintas, desiguais, quanto à absorção das riquezas oriundas do desenvolvimento da ciência e tecnologia.

    A presença dessas TICs se apresenta atrelada a um suposto projeto de “modernização”, que seria necessário nos tempos presentes. Contudo, a adoção dessas tecnologias não é neutra. Ela representa um projeto de classe e, do nosso ponto de vista, é necessário que as universidades correspondam aos interesses da classe trabalhadora; que o debate sobre a adoção ou não de determinadas tecnologias esteja atrelado à discussão do de classe projeto em curso. A adoção das tecnologias não é neutra; as tecnologias, em si, o são.

    Nos chama a atenção que essa iniciativa, apresentada nos dias atuais na CPG da nossa universidade, esteja em total acordo com o projeto do governo federal para as universidades públicas, o Reuni Digital. Em outras palavras, apesar de se forjar no ambiente universitário uma certa contrariedade às medidas governamentais de cortes orçamentários e sucateamento das IES, há setores dentro delas que assumem como suas as tarefas de correia de transmissão dos governos que promovem esse sucateamento. Esses setores se aproveitam de certas benesses da universidade pública, ao mesmo tempo em que a atacam por dentro, colocando-se contra a sua existência. Em uma autarquia, os setores conservadores implementam uma concepção conservadora de política, que reduz a grupos tecnocráticos a capacidade de decidir os rumos da universidade, sem levar em consideração as contribuições de docentes, discentes, pós-graduandas(os), técnicos-administrativos, trabalhadores terceirizados.

    Nos recusamos a aceitar que essa resolução seja aprovada e nos aproxime do projeto que este governo tem para uma instituição tão importante para nós. Convidamos estudantes de outros programas e professores a se somarem conosco nessa luta!


  • Relato da reunião com a Pró-Reitoria de Pós-Graduação

    Publicado em 20/07/2022 às 10:47

    Na quinta-feira passada (14/07), a APG se reuniu com o Reitor da UFSC Prof. Irineu Manoel de Souza, com o Pró-reitor de Pós-Graduação Prof. Werner Kraus e com o prof. Rui Daniel Prediger, com o objetivo de conversar sobre algumas pautas relevantes para os estudantes da Pós-Graduação. Entre os assuntos discutidos na ocasião, dialogamos principalmente sobre a tramitação da proposta de normatização que institucionaliza e regulamenta as aulas remotas na pós.

    Durante o encontro foi possível expor assuntos tais como a escassez de bolsas de mestrado e doutorado; a redução dos financiamentos de pesquisa; as dificuldades financeiras enfrentadas para viver em Florianópolis, bem como o comprometimento da saúde mental dos discentes durante a pandemia e o impacto da volta às atividades presenciais.

    Por fim, a APG solicitou que a data da votação da nova normativa fosse prorrogada para além da próxima reunião da CPG, a realizar-se no dia 28 de Julho. Lembrando que na última reunião, a entidade pediu vistas do processo, pensando em consultar a comunidade acadêmica de forma mais ampla e que, de fato, a construção desta normativa tenha um caráter mais participativo. A pauta está prevista para voltar a ser discutida na reunião do final do mês de agosto, logo após o recesso de grande parte dos cursos de pós, sendo assim, a tramitação continuará em curso.

    A APG vem propondo que o debate sobre estas questões seja ampliado e, mais que isso, que os estudantes participem das discussões acerca do ensino remoto de forma ativa, trazendo seus relatos para contribuir na construção de uma universidade de qualidade e com plenas condições de permanência.

    Para que isso aconteça, já organizamos o primeiro encontro com as representações discentes de todos os cursos de pós da UFSC e agora um ciclo de debates que tem como tema do primeiro encontro “Aulas remotas na pós: perspectivas e consequências”, que será no dia 21 de julho, às 18h30min, no auditório do CSE e conta com a presença dos professores Adriana D’Agostini e Mauro Titton, ambos pesquisadores da área de Educação.