Relato – 1º Encontro de Representações Discentes da Pós-Graduação da UFSC
Cerca de 80 estudantes de Pós-Graduação da UFSC participaram do 1º Encontro de Representações Discentes da Pós-Graduação da UFSC, na última quarta-feira (06/07). O objetivo foi reunir e discutir as diferentes realidades dos programas da pós-graduação, criando uma ponte entre Representantes e APG.
O encontro foi organizado e conduzido pela atual gestão da APG, que apresentou as principais pautas defendidas pela entidade com base em seu programa político, tais como a defesa da política de permanência estudantil e da universidade pública, gratuita e de qualidade. Para dar consequência as pautas defendidas, a atuação da entidade se dá em distintos eixos: nos órgãos colegiados, nas lutas e atos, em reuniões ampliadas com a pós-graduação, entre outras atividades.
A partir da apresentação da entidade, foi aberto o espaço para as falas das(os) representantes para a exposição das principais problemáticas e reivindicações dos discentes de seus programas de pós-graduação. Foram feitas cerca de 20 falas, sendo perceptível uma semelhança e pontos em comum que surgiram dos problemas apresentados, pontuados brevemente abaixo:
- O impacto dos cortes nas bolsas de estudos, que em alguns programas reflete em nenhuma ou pouca oferta de bolsas, até mesmo em programas onde a situação anterior a pandemia era de distribuição quase total para ingressantes; uma das consequências nessas situações é estimular um individualismo e rivalidade entre pesquisadores, ao invés de pensá-la como um empreendimento coletivo;
- A dificuldade vivenciada na realização dos estudos e pesquisas por conta da precarização com a falta de reparos e reformas na estrutura física da UFSC, como espaços sem água, salas com sua infraestrutura deteriorada, banheiros sem papel higiênico, etc.
- Problemas de saúde entre estudantes, com muitas solicitações de trancamento de matrícula por questões de saúde mental e uma crescente sensação de desvalorização enquanto pesquisador.
- Desmobilização para participar de espaços políticos;
Ainda que a experiência dos efeitos das precarizações seja sentida de forma semelhantes, apareceram compreensões divergentes sobre o ensino remoto na pós-graduação durante esse momento pandêmico e sua continuação ainda presente nesse momento de retorno de atividades presenciais.
Por um lado, alguns discentes responderam que preferem que o ensino remoto continue pela possibilidade da entrada de pessoas que estão em diversas regiões ou aquelas que precisam conciliar o trabalho em outra cidade e seu curso; alguns também apontaram como solução o modelo híbrido. Por outro lado, surgiram também avaliações do ensino remoto válido enquanto uma resposta emergencial, com todas as suas contradições, porém não a longo prazo, pois como ensino é precário pois exclui a parte pedagógica do espaço de encontro social onde se pode conversar, trocar referências. Ao não instaurar esse espaço presente e estabelecer-se cada vez mais no modo remoto, as consequências podem se apresentar de duas formas: expulsando estudantes que já não acessam tanto a universidade, como indígenas, quilombolas; quanto não fornecendo nenhum tipo de resistência a politica de desmonte orçamentário a qual já está sendo realizada há anos. Além dos riscos de contínua precarização e enxugamento no orçamento e uma expulsão acelerada de parcela de discentes do ensino, apareceram questionamentos acerca da própria produção científica dentro das universidades e o impacto de adesão aos armazenamentos terceirizados de dados, disponibilizando cada vez mais as pesquisas para grandes empresas, aprofundando ainda mais a dependência tecnológica.
Após os relatos, foram sugeridos encaminhamentos, como forma de continuidade deste canal de diálogo com as representações e reforço nos debates de cada programa, através de reuniões posteriores que sejam realizadas pelos representantes discentes. Também foi sugerida a criação de um formulário para conhecer e datar a realidade de cada programa de pós, o qual já está sendo criado pela entidade e será divulgado em breve.
Além disso, a APG irá divulgar em breve atividades para manter a comunicação não só com os RDs, mas com a pós em geral, com o intuito de debater cada vez mais e de forma mais crítica e coletiva, sobre as mudanças que estão surgindo na pós, a partir da possibilidade de uma implementação remota permanente.
Apesar de diversos relatos que apontam para um cenário difícil e de grandes perdas para os discentes, avaliamos de maneira positiva este espaço pois perceber os problemas que enfrentamos de forma coletiva e não individualizada nos coloca para pensar estratégias e respostas enquanto grupo.
Nós da APG esperamos continuar nos fortalecendo enquanto movimento estudantil de luta pela universidade pública, gratuita e de qualidade, ampliando ainda mais o espaço de debate e diálogo. Nos vemos nas próximas atividades!