Com a indignação crescente entre nós da APG com a situação universitária atual, em seus aspectos orçamentários enxutos e pela própria política atual da reitoria, que não contempla as necessidades mais básicas dos estudantes para manterem-se na universidade, começamos uma campanha no dia 11 de fevereiro.
Através de formulários, recebemos ao todo nas últimas semanas mais de 900 relatos estudantis sobre as demandas e dificuldades atuais sem uma alimentação saudável e acessível, sem moradia digna ou locais apropriados de estudos. Mais de 2000 pessoas responderam afirmando que precisam do RU como condição para seu retorno às atividades presenciais.
Esse cenário suscita perguntas: cadê o nosso RU funcionando para garantir o mínimo de alimentação digna aos estudantes em meio a essa crise? Por que a BU ainda não retornou com distanciamento social e uso de máscaras obrigatório? Como se dará a segurança sanitária para o retorno completo das atividades presenciais de ensino em abril?
Pensando nisso, resolvemos nos mobilizar junto com toda a comunidade de estudantes, servidores docentes e técnico-administrativos para o DIA DE MOBILIZAÇÃO EM DEFESA DA UNIVERSIDADE, no dia 07 de março, segunda-feira.
A ideia é que consigamos resgatar uma tradição dos movimentos de luta, quando nos encontrávamos na universidade para debater sua política e seus rumos, compartilhar refeições (mas agora em espaços ao ar livre e com distanciamento social) e pressionar a Reitoria para dar respostas aos estudantes!
Confira abaixo algumas das pautas que defendemos e motivaram a mobilização em defesa da universidade:
VOLTA IMEDIATA DO RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO (RU)
Quando aberto, o RU servia cerca de 10 mil usuários por dia, sendo estes estudantes servidores docentes e técnico-administrativos da comunidade. Todos os dias, as/os estudantes no meio de suas atividades tinham uma refeição balanceada e nutritiva de almoço e janta por R$1,50. O RU era também um local de encontro dos/das estudantes para estarem juntes partilhando sua refeição por um preço acessível e também conversando entre suas atividades de estudos e pesquisa.
O RU é central: uma das maiores políticas de permanência que funciona na universidade, crucial especialmente com a alta dos preços da cesta básica de alimentos (cada vez mais altos) e com a situação grave de crise econômica. Por isso, é uma peça chave na vida dos/das estudantes que agora já passam anos sem ter esse direito garantido – muitos inclusive jamais conheceram o RU.
Há, então, que resgatar a memória das lutas pelo RU ao longo desses anos, para nos lembrar de um direito nosso e de que muitas dessas vitórias foram conquistadas pela força da luta estudantil.
Em 2009, por exemplo, o DCE, junto dos estudantes, conseguiu com suas reivindicações a abertura do RU noturno e a ampliação do horário para compra de passes. Foi em uma mobilização intensa dos/das estudantes, chamada “Semana do RU”, que essas vitórias foram conquistadas por suas mãos.
VOLTA DA BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA (BU)
A Biblioteca Universitária não é somente um lugar para acessarmos livros e diferentes materiais, mas também é um espaço fundamental para estudarmos sozinhos(as) ou em grupos.
Sabemos que um ambiente de estudos adequado é importantíssimo para um bom aprendizado. Durante a pandemia abrimos mão disso visando a segurança sanitária e a diminuição da contaminação por coronavírus. Cada pessoa teve que se organizar para conseguir um espaço de estudo mais ou menos apropriado, gerando situações muito desiguais entre os e as estudantes.
Com a vacinação em estágio avançado, o conhecimento que já temos a respeito do uso de máscaras e com o iminente retorno às aulas presenciais, a Biblioteca Central e as Bibliotecas Setoriais precisam ser reabertas!
Além do Restaurante Universitário, essa é mais uma condição concreta para permanência estudantil e para a qualidade de formação na universidade.
Há alguns anos, a demanda pelo uso da Biblioteca Central da UFSC como espaço de estudo era tão grande que a reivindicação do movimento estudantil era que a BU ficasse aberta 24h por dia, possibilitando que os estudantes passassem a madrugada estudando e fazendo trabalhos, caso desejassem.
RETORNO SEGURO PARA TODA A COMUNIDADE!
Sabe-se que uma das medidas eficazes para a prevenção da contaminação de covid-19 é o uso de máscaras de alta proteção (pff2 e n95).
Em seu planejamento de retorno presencial, a reitoria adotou como parte de sua política de segurança sanitária a distribuição de máscaras para seus técnicos e estudantes com vulnerabilidade econômica, mas e o restante de sua comunidade?
A UFSC tem atualmente diversos funcionários terceirizados trabalhando em suas dependências cotidianamente. Diferentemente daqueles que possuem contrato público, as empresas desses trabalhadores terceirizados não fornecem nem a quantia de máscaras necessárias para um mês, nem máscaras adequadas.
São esses mesmos trabalhadores que estiveram na universidade presencialmente durante todo esse tempo, em momentos piores da pandemia.
Se parte das pessoas que circulam na universidade tem acesso à máscaras com maior nível de proteção mas a maior parte não tem, como vamos garantir de fato um retorno em condições seguras?
O custo constante com a troca de máscaras acaba saindo caro – especialmente nesse momento de crise.
Queremos nesse retorno que a comunidade esteja em condições de segurança! É esse o retorno presencial que queremos e defendemos: um que nos permita vivenciar a estrutura universitária com o máximo de segurança para aqueles que vivem a maior parte de seus dias nela.
Segunda, 7 de março, é dia de mobilização em frente a reitoria!
Inicialmente, a partir das 9h, haverá um momento para elaboração de cartazes e socialização. Reforçamos que o consumo de alimentos e bebidas do café da manhã deve ser feito mantendo uma distância segura dos/as demais presentes. Ainda que o evento esteja agendado para ocorrer ao ar livre, é importante manter o distanciamento social para essa atividade. Nos demais momentos, sugerimos que todas/os mantenham o uso de máscaras pff2.
Para a atividade de análise de conjuntura, haverá espaço para qualquer pessoa presente manifestar-se. A ideia é discutir a situação da universidade e debater as reivindicações das entidades.
Por fim, às 14h, haverá uma audiência pública com a reitoria, que estará presencialmente no espaço para apresentar o plano de retorno presencial e para que as entidades coloquem suas pautas.
Lembramos que o uso de máscaras é obrigatório. Haverá distribuição de pff2 e álcool em gel para garantir a segurança sanitária do espaço.
Pedimos às entidades que compartilhem a programação em suas redes e para que todos/as compartilhem com colegas, professores, técnicos e terceirizados.
Vamos construir juntas/os uma forte mobilização no dia 07 de março.
Pela reabertura imediata do RU e por condições seguras para o retorno presencial das atividades na UFSC!