Comunicado da APG-FE/Unicamp sobre o CNPG

13/06/2012 08:12

Reproduzimos abaixo Comunicado que recebemos da referida APG sobre o CNPG (Congresso Nacional dos Pós-Graduandos), em breve postaremos o relato de nossos participantes, assim como nossa opnião quanto APG, que foi  e está sendo construida durante nossas reuniões ordinárias e extraordinárias.

Carta ao Movimento Nacional de Pós-Graduação

Entre os dias 3 e 6 de maio de 2012, aconteceu em São Paulo o 23º Congresso Nacional de Pós-Graduandos, contando com cerca de 300 delegados de vários estados brasileiros. Sob o título de “Desafios Brasileiros”, o congresso coordenado pela gestão da Associação Nacional de Pós-Graduação pretendia pautar o Plano Nacional de Pós-Graduação, assim como a situação do pós-graduando no Brasil e seguir organizando o movimento nacional de pós-graduandos, com a eleição de nova gestão para a entidade. Uma de suas principais bandeiras dos últimos meses foi a campanha por aumento das bolsas de pesquisa CAPES e CNPq, medida considerada essencial para melhorar a valorização da produção de pesquisa no país.

Diante disso, vendo também a necessidade de entender o processo de organização dos pós-graduandos em âmbito nacional, se inteirando das bandeiras e questões debatidas pela ANPG, os estudantes do Programa de Pós-graduação da Faculdade de Educação da UNICAMP elegeram seis delegados para representar o movimento ativo nessa instituição que tem sido feito pela atuação da APG-FE há mais de 15 anos. Em debates prévios, a delegação da APG-FE/Unicamp seguiu para o Congresso e nele, perseguiu seus propósitos iniciais de debater com as demais APGs os projetos da CAPES para a pós-graduação, assim como seu programa de incentivo à educação básica (no qual se encontra a implantação do Mestrado Profissional para a Educação).

Apesar da preparação e posicionamento anteriormente configurado, a delegação da APG-FE foi disposta a dialogar com as demais APGs brasileiras, a fim de chegarmos a acordos quanto a propostas mínimas, comuns, que defendessem interesses reais de melhoria da condição dos pesquisadores e professores da educação em todos os seus níveis, assim como de um programa para a pós-graduação brasileira com justa organização, distribuição e financiamento.

No entanto, encontramos um congresso com pouca organização, debates superficiais, mesas com representantes das agências de fomento e de entidades governamentais sem qualquer posição crítica, além de pós-graduandos despolitizados e defendendo apenas interesses corporativos. Os espaços garantidos para debate de propostas e deliberação (plenária final) foram prejudicados pela falta de clareza na exposição dos organizadores, além da manipulação de ideias e propostas de acordo com os interesses das organizações majoritárias da entidade. Surpreendeu, principalmente, a insuficiência de diálogo quanto a situação da educação básica no Brasil hoje e  propostas de avaliação e regulação da CAPES nos programas de pós-graduação, que padecem com a lógica produtivista e cada vez mais ligada às exigências de adequação a padrões internacionais, sem avaliar as reais condições e necessidades da pós-graduação brasileira.

Mesmo sendo considerado um importante momento para trocarmos experiências e discutirmos as posições em diferentes situações da pós-graduação no país, o Congresso desapontou pela sua falta de propostas autônomas em relação às instâncias governamentais, pelo discurso neodesenvolvimentista para fomentar a pesquisa em todas as áreas e, essencialmente, por seu triste desfecho numa plenária final onde não se pôde declarar abstenção de voto, manifestar quaisquer oposição, enfrentando a adulteração das propostas que deveriam ter passado por votação conforme o regimento aprovado no início do evento.  Constatou-se, nessa difícil experiência, que o movimento de pós-graduandos no Brasil é mais uma entidade que defende interesses da elite e da política estatal privatista, que atrela a possibilidade de crescimento e desenvolvimento da ciência e tecnologia brasileiras à formação de consensos em espaços políticos–organizativos e fecha os olhos para os reais desafios para o ensino superior e a educação brasileira como um todo.

Além disso, durante o congresso foi anunciado pelo próprio diretor nacional do CNPq 10% de aumento do valor das bolsas, o que foi considerado pela gestão da entidade um avanço. No entanto, avanço seria se os pós-graduandos tivessem discutido de fato um projeto para a educação superior brasileira, propondo construir uma campanha em defesa de mais verbas para a educação pública e um programa de formação de professores e pesquisadores para a educação básica que não separasse em classes os trabalhadores, não diferenciando formação acadêmica de formação profissional. Enfim, indignamo-nos pela falta de compromisso da ANPG, como entidade que representa os estudantes de pós-graduação, de construir um debate sério, honesto, sem atrelamento a instituições governistas sobre o Plano Nacional de Pós-graduação e seus desdobramentos e sem apenas defender interesses elitistas e corporativos.

Resumimos a nossa manifestação de desagravo e indignação nessa carta afirmando que continuaremos buscando, através da construção da APG-FE, um debate profícuo e a construção de propostas que realmente representem avanços para os pós-graduandos da FE, da UNICAMP, como também para contribuir com um projeto para a educação brasileira como um todo. Nosso compromisso não é com a CAPES/CNPq, que mal nos remuneram pela produção de nossos trabalhos e continuidade da formação acadêmica-profissional, mas com a melhoria da qualidade da educação pela universalização de oportunidades e defesa dos direitos dos trabalhadores, sistematicamente suprimidos por quem diz defender a educação no Brasil.

ASSOCIAÇÃO DE PÓS-GRADUANDOS DA FACULDADE DE EDUCAÇÃO – UNICAMP/ JUNHO 2012