Manifestação da APG em apoio à luta indígena
A APG-UFSC manifesta sua solidariedade e apoio às lutas travadas pelos povos originários do território atualmente ocupado pelo Estado brasileiro.
Sabemos que a violência cometida pelo Estado contra os povos originários das florestas não cessa de acontecer. Sabemos que diariamente populações indígenas resistem às seguidas tentativas de extermínio perpetradas com o aval e a máquina do Estado. Sabemos que ações orquestradas de desmatamento, queimadas, garimpo ilegal, entre outras, ameaçam e destroem os territórios ocupados historicamente por esses povos. Sabemos que a vida dos povos da floresta é ameaçada cada vez em que se avança na destruição de seus territórios. Sabemos que aquelas que se opõem ao sistema de destruição do Estado e ficam em seu caminho, são assassinadas.
O projeto de extermínio dos povos indígenas segue seu curso, atualmente ainda com mais força no (des)governo conduzido por Jair Bolsonaro e seu bando. O recente assassinato cometido contra o indigenista Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Philips trouxe novamente aos holofotes da grande mídia a situação de ameaça constante em que vivem esses povos e aquelas que ousam lutar junto deles.
Soma-se a essa violência brutal a luta que tem sido travada pelos povos indígenas contra a ameaça do marco temporal, que propõe mais uma retirada de direitos. Segundo a proposta do marco temporal, povos indígenas só teriam direito a ocupar aquelas terras que estavam sob sua posse a partir de 5 de outubro de 1988, quando foi promulgada a atual constituição federal. Essa proposta entrará em pauta no Supremo Tribunal Federal (STF) amanhã, dia 23 de junho, e por esta razão a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) tem convocado mobilizações para acontecer neste dia em Brasília.
Segundo a Apib, o foco desse processo são os povos Xokleng, Kaingang e Guarani da terra indígena Laklãnõ Xokleng, localizadas no alto vale do Itajaí, atual estado de Santa Catarina. A situação torna-se ainda mais grave, pois este caso foi considerado pela Suprema Corte como caso de repercussão geral, algo que permite sua replicação para outros territórios indígenas a partir desse precedente.
Nos unimos ao chamado dos povos das florestas e fazemos coro a sua luta contra o marco temporal, contra a violência que repetidamente interrompe suas vidas. A mobilização em Brasília contará com populações indígenas de diversas partes do país, porém também estaremos mobilizadas e atentas nas cidades em que estamos.
Em Florianópolis, foi chamado um ato para o dia 23 de junho, com concentração a partir das 14h no Largo da Alfândega.
Por fim, ecoamos aqui os dizeres da juventude Xokleng: basta de violência contra os povos indígenas e seus apoiadores!
Seguimos em luta.