Carta de saída de Greve da Pós-Graduação/UFSC
No dia 11 de setembro, em Assembleia Geral da Pós-Graduação, as e os estudantes de pós-graduação da UFSC deflagraram greve da categoria por tempo indeterminado. Buscando a unificação do movimento grevista dentro da universidade, somamo-nos ao movimento iniciado pelas/os discentes da graduação, de modo a juntar forças para lutar contra os cortes orçamentários instituídos durante o ano de 2019 – e que projetam serem ainda mais graves para o ano de 2020.
Assim, eram os pontos de reivindicação do nosso movimento:
- Restituição do orçamento deste ano cortado pelo governo;
- Revisão das propostas de legislação orçamentária para o exercício de 2020, no que diz respeito à educação, para retorno mínimo ao patamar de 2014;
- Arquivamento do FUTURE-SE;
- Reajuste retroativo das bolsas de mestrado e doutorado, defasadas em 6 anos;
- Aumento da oferta de bolsas de mestrado e doutorado, o comprometimento com sua manutenção, isto é, das existentes e das que foram cortadas, assim como assegurar a permanência de quem acessa a pós-graduação e apresenta maior vulnerabilidade social ocasionada pela problemática do racismo estrutural; que se estabeleçam políticas urgentes de permanência na pós-graduação pelo governo e pela autonomia universitária, com a disponibilização efetiva de bolsas por recorte racial (negras, indígenas e quilombolas) e questão sócio-econômica, garantindo a equidade;
- Arquivamento do projeto de Reforma da Previdência;
- Revogação da Emenda Constitucional do Teto de Gastos (EC95).
Sabíamos que nossas reivindicações necessitariam de união e força das demais categorias da UFSC e, ainda, para além dela. Dessa forma, com a deflagração da greve, tentamos mobilizar um movimento nacional em defesa da educação, entrando em contato com Associações de Pós-Graduandos (APGs) de outras universidades. Igualmente, movimentos internos à UFSC buscaram debater diferentes questões políticas que estão postas e que impactam não somente a universidade, mas a realidade concreta em que vivemos. Nesse sentido, buscando informar e mobilizar tanto as/os estudantes, TAEs e professores da UFSC como a comunidade externa. Conseguimos construir atividades como aulas públicas, rodas de conversa, visitas às unidades de educação básica para socializar o contexto problemático no qual as IFES se encontram, atividades junto à comunidade externa à universidade, participação de eventos como o UFSC na Praça, e fizemos um significativo ato de rua no dia 03 de outubro.
No entanto, apesar de todo o esforço e dedicação de muitas e muitos de nós, o movimento não ganhou adesão interna das demais categorias, o que gerou divisão da própria comunidade acadêmica. A não-adesão da categoria docente ao movimento grevista, casos de assédio por parte das/os docentes nos PPGs (impactando a mobilização discente) e a não-adesão dos TAEs ao movimento foram fatores que enfraqueceram a luta conjunta que buscávamos. Ademais, não obtivemos apoio das entidades estudantis nacionais (UNE e ANPG) no sentido de construção de uma greve nacional da educação. Em verdade, essas entidades buscaram isolar o movimento grevista da UFSC, reduzindo as lutas pela educação a alguns atos pontuais.
Por outro lado, o movimento na UFSC, com grande participação de estudantes da graduação, conseguiu organizar idas a diversas universidades na região Sul; prestar apoio à vitoriosa luta na UFFS contra o interventor de Bolsonaro; visitar a UFSM em greve estudantil; além da participação em assembleias de outras universidades.
Ainda assim, após o cansaço acumulado por mais de um mês de greve e as grandes dificuldades para a nacionalização do movimento, as e os discentes de pós-graduação da UFSC votaram, no último dia 21, pelo fim da greve. O coletivo formado durante este período, entretanto, mantém-se organizado e mobilizado, estando disposto a retomar as atividades de greve a qualquer momento, caso esta seja entendida pelas demais Instituições de Ensino Federais como um instrumento de luta nacional em defesa da educação. Mandamos uma saudação especial de luta à UFFS, Unipampa e UFSM, que se colocaram em forte mobilização junto a nós. Juntos somos mais fortes!
Saímos de greve, seguimos em luta!
Ano que vem vai ser maior!