VERGONHA! Senador Esperidião Amin (PP) tenta “explicar” cortes e foge do debate em audiência pública
No dia 20 de maio, a APG-UFSC marcou presença no seminário com parlamentares catarinenses para discutir a situação das Universidades e Institutos Federais a partir dos cortes do governo Bolsonaro (confira nosso discurso aqui). As reitorias do IFC, do IFSC e da UFSC demonstrarem o quanto os cortes inviabilizam o funcionamento das instituições no segundo semestre, prejudicando milhares de estudantes e trabalhadores/as. Mesmo assim, o senador Esperidião Amin (PP, ex-ARENA) ofereceu uma não-solução e depois fugiu do debate.
O senador apontou que os cortes são consequências da recessão econômica. Assim, serviu de papagaio para o discurso de um governo que deseja se eximir do próprio dever de beneficiar o povo em vez de destruir seu futuro. Como possíveis soluções, acenou para emendas parlamentares (dinheiro à disposição de congressistas para investimentos) e opinou que nenhuma alteração orçamentária deveria ser feita sem o aval do Congresso.
Comprometimento com soluções efetivas? Nenhum. As emendas, ainda que fossem suficientes, não só não recompõem a dignidade das instituições atacadas pelos cortes do governo Bolsonaro, como as prostram de joelhos, em dependência dos parlamentares que arbitrariamente decidiriam “salvá-las”. Quão magnânimos! Agiriam, na verdade, em chantagem semelhante à do próprio governo federal, que indica a aprovação da reforma da previdência como condição para liberação dos recursos (no dia 23 de maio, o Ministério da Educação literalmente começou a fazer propaganda para a reforma da previdência em seus canais oficiais). E se no futuro o congresso precisaria aprovar os cortes? Bem, aparentemente não poderíamos contar com o voto do senador para barrar essa medida, considerando que para ele essas são apenas as “consequências que vêm depois” – ou seja, os cortes seriam inevitáveis.
Vêm depois do que, exatamente, senador? Se por um lado estamos de fato diante de anos de recessão, medidas como a Emenda Constitucional 95 (“teto de gastos”), que o Estado brasileiro têm defendido e o senhor apoiou, não foram solução. Pelo contrário: aprofundaram a crise através da precarização dos serviços públicos que a classe trabalhadora necessita, e beneficiaram a aristocracia nacional, da qual o senhor e sua família fazem parte. O senador Esperidião Amin e sua esposa, deputada federal por Santa Catarina Ângela Amin (PP, ex-ARENA, não compareceu ao seminário), possuem mais de 3 milhões de reais em patrimônio declarado (fonte: Estadão). Possuem 4 carros; 10 imóveis (sem contar porcentagens de imóveis); 30 mil reais em obras de arte e, na época da declaração (2018), 45 mil reais em dinheiro em espécie (30 mensalidades de uma bolsa de mestrado, simplesmente guardados por aí, em algum cofre, por alguma razão). São pessoas como essas que defendem a reforma da previdência, e justificam a “falta” de dinheiro para a educação e ciência públicas no Brasil. Que não parecem preocupadas com os próprios efeitos econômicos, de curto, médio e longo prazo, dos ataques às instituições que produzem a esmagadora maioria do ensino e da pesquisa no país: as consequências virão depois!
Para qual de suas casas o senador foi assim que completou seu discurso? Não sabemos. Sabemos que ele se recusou a ouvir a réplica; fugiu, para longe da pressão que os/as presentes fizeram sobre os representantes do povo. Esperidião Amin quis justificar o inaceitável, propor o inadequado, evitar o contraditório e posar pra foto como se estivesse fazendo alguma coisa. Vergonhoso!