Ensino Remoto: experiência ou legado?

07/11/2020 13:56

Diversos estudos críticos vinham sendo produzidos na área da educação apresentando elementos substantivos acerca das problemáticas que rondam o Ensino Remoto (ER), sobretudo em universidades públicas. Nas discussões que subsidiaram o retorno das atividades nesta modalidade, o argumento que tornou tragável tal modelo baseou-se na concepção falaciosa de que trataria-se de um modelo emergencial, que teria surgido apenas para tratar das necessidades que momento excepcional como este exigiria.

Entretanto, desde o início das atividades de ensino, temos assistido tanto nos cursos de graduação como nos programas de pós-graduação, efeitos que parecem transformar essa experiência em legado. Currículos e disciplinas têm sido totalmente transpostas à modalidade remota, aulas estão aos poucos sendo substituídas por vídeos gravados, encontros síncronos são gravados para aqueles que não têm condições de estarem presentes, mesmo que não se saiba os motivos para que muitos não possam comparecer.

Em 22 de outubro, duas portarias foram publicadas no Diário Oficial da União dando um passo adiante no projeto dos capitais e do Estado para a educação, tornando mais concreta a ideia de uma permanência do Ensino a Distância (EaD) nas instituições de ensino superior. Se havia qualquer dúvida sobre a preservação do ER nas universidades públicas  após o controle dos efeitos da pandemia, as normativas de nº 433 e  nº 434 evidenciam a persistência de tal modelo. A primeira delas institui o Comitê de Orientação Estratégica para elaboração de iniciativas de promoção à expansão da Educação a Distância em Universidades Federais, com vistas a desenvolver o Plano de Expansão da Educação Superior por meio digital. Já a segunda, institui um Grupo de Trabalho cuja finalidade é pautar a discussão sobre a elaboração de estratégias de Educação a Distância (EaD) no Ensino Superior.

A incorporação natural deste modelo nas Universidades Públicas significa uma catástrofe em múltiplos sentidos. No tocante à pós-graduação, a Associação de Pós-Graduandos da UFSC (APG-UFSC) levanta uma série de questionamentos. O que significa para a pesquisa brasileira a permanência deste modelo na pós-graduação? Quais  condições teriam os pesquisadores de avançar na produção de conhecimento nas diversas áreas se condicionados ao ensino remoto, ou ainda, híbrido? Quais os impactos para toda a sociedade se efetiva-se essa perda na qualidade da produção científica, artística e filosófica?

Com essas questões em vista, a APG-UFSC realizará um encontro para avaliação do Ensino Remoto na Pós-Graduação em novembro. Até lá, iremos postar diversos textos para debater essa temática que tem atravessado o dia-a-dia de todos (as) nós. Acompanhe em nossas páginas!

O evento será realizado no dia 17 de novembro às 19h.